O Governo Federal anunciou, nesta sexta-feira (3), o adiamento das provas do Concurso Nacional Unificado (CNU) devido à tragédia das fortes chuvas no Rio Grande do Sul desde a última semana. A decisão foi divulgada pelos ministros Paulo Pimenta (Secom) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) em coletiva de imprensa nesta tarde. A nova data do concurso ainda não foi definida. As provas seriam aplicadas neste domingo (5) em todo o Brasil.
De acordo com anúncio de Esther, seria "impossível" realizar a aplicação da prova no Estado do RS. Segundo ela, o adiamento é "a solução mais segura para os candidatos do Brasil inteiro". A ministra afirmou ainda que um acordo será assinado para respaldo jurídico da decisão.
"Seria impossível realizar a prova no Rio Grande do Sul, seja pelos locais, pelo risco de vida das pessoas. Nesse sentido, a democratização do acesso de todos os candidatos em todo o país nos pautou desde o início. Analisamos as condições de realização de provas no estado e construímos um acordo para a integridade do concurso. [O adiamento] é a decisão que foi tomada", afirmou Esther Dweck.
Segundo a ministra, o objetivo do governo é garantir que os mais de 2 milhões de candidatos realizem as provas nas mesmas condições. Para a decisão, foi levado em consideração o cenário de calamidade pública no RS, como o risco de inundações severas, bloqueios de estradas e falta de energia, o que impossibilita a locomoção da população.
"Estamos diante de uma calamidade de proporções inéditas. Nosso primeiro compromisso é se solidarizar com as vítimas [...] Faríamos o concurso em 228 cidades. Sabemos que os candidatos estão preparados para o concurso, estávamos focados na realização no domingo. Mas como já foi descrito, o cenário na região Sul foi se agravando, e o que a gente percebeu é que estamos numa situação de agravamento sem precedentes", pontuou Dweck.
Nova data
O governo informou que a nova data do CNU será anunciada "assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional" e deve ocorrer "em algumas semanas". De acordo com a ministra, a ideia é usar as mesmas provas quando o exame for remarcado.
Conforme o calendário do exame, as provas seriam aplicadas neste domingo (5) em todo o Brasil. Ao todo, o certame oferta 6.640 vagas e é o maior processo seletivo para o serviço público da história do País.
Veja anúncio do governo sobre adiamento do CNU
O Rio Grande do Sul tem 86 mil candidatos inscritos, e as provas seriam realizados em 10 cidades - algumas em situação de emergência. O adiamento foi acatado após o apelo de autoridades gaúchas.
Em entrevista ao programa 'Bom dia, ministro', do Canal Gov, Paulo Pimenta afirmou que a decisão de adiar o CNU custaria cerca de R$ 50 milhões aos cofres públicos. "A possibilidade de adiamento do concurso tem um custo de R$ 50 milhões”, disse o ministro nesta sexta-feira (3).
CNU, o Enem dos concursos
O Concurso Nacional Unificado (CNU), popularmente chamado de "Enem dos Concursos", será aplicado em 228 cidades brasileiras. O exame é dividido por blocos temáticos com o objetivo de focar nas aptidões de cada candidato e atender as demandas dos diversos órgãos federais por novos servidores. Durante a inscrição, o candidato escolheu um único bloco temático, com a possibilidade de concorrer a todos os cargos da categoria.
O número total de candidatos chegou a 2,1 milhões. Os inscritos para os blocos de nível superior (1 a 7) responderão 20 questões objetivas — de múltipla escolha — sobre conhecimentos gerais e uma questão dissertativa de conhecimento específico. Para o bloco de nível médio (bloco 8), os candidatos farão 20 questões objetivas — de múltipla escolha — e uma redação.
Já os candidatos dos blocos de nível superior (1 a 7) responderão a 50 questões objetivas — de múltipla escolha — de conhecimentos específicos. Enquanto os inscritos no bloco de nível médio farão mais 40 questões objetivas — de múltipla escolha. As provas para o nível médio não incluem questões dissertativas, apenas a redação no período matutino.
No certame serão selecionados, de uma só vez, 6.640 servidores para 21 órgãos públicos federais, sendo 692 vagas de nível médio e 5.948, para nível superior (graduação), com remunerações de até R$ 22,9 mil.
Tragédia no Rio Grande do Sul
Fortes chuvas atingem o Rio Grande do Sul desde o início desta semana. Os eventos climáticos intensos fizeram o governo local decretar estado de calamidade pública. Até o início desta manhã de sexta-feira (3), 31 óbitos e 74 desaparecidos foram registrados no território gaúcho.
Segundo a Defesa Civil estadual, 235 dos 497 municípios são afetados pelos fenômenos, que incluem temporais, alagamentos, ventos fortes, descargas elétricas, risco de granizo, rompimento de barragem, elevação do nível de rios e inundações severas.
Em relação à infraestrutura, o Rio Grande do Sul tem 280 mil pontos sem energia elétrica, 304 mil clientes sem abastecimento de água, além de dezenas de municípios parcialmente ou sem serviços de telefonia e de internet, conforme o boletim da Defesa Civil desta sexta.
As chuvas que atingem o estado provocam danos e alterações no tráfego nas rodovias estaduais gaúchas. Cerca de 154 trechos em 68 rodovias registram com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.