A juventude no Brasil é plural no que concerne a classe, a identidades de gênero, racial e sexual. São os/as jovens indígenas, negros/as, quilombolas, dos povos de terreiro e de outras comunidades tradicionais, pobres e periféricos, do campo e da cidade e tantos outros. Segundo o IBGE, os jovens entre 15 e 29 anos compõem 23% da população brasileira, somando mais de 47 milhões de pessoas
Ao tratar das juventudes cabe considerar as particularidades, em especial daquelas pertencentes aos grupos vulnerabilizados em termos de reconhecimento e distribuição econômica.
Sistematicamente experienciam a falta de oportunidade de trabalho decente, violência, violação dos direitos promovida tanto pela sociedade civil quanto pelas instituições estatais, como racismo, sexismo, e LGBTIfobia etc.
Alguns jovens têm suas trajetórias de vida e escolar interrompidas por percalços que os impedem de figurar como agentes de transformação para o desenvolvimento do país.
Os índices de desigualdades sociais e raciais são altos na juventude negra, que tem sofrido o peso dos processos de despersonalização que os transformou em objetos de suspeição, desprovidos de qualquer humanidade.
Convivem cotidianamente com acusações de ser incapaz e incompetente. Portanto, a raça é um elemento estruturante de como direitos são historicamente concebidos, negados e usufruídos desigualmente na sociedade brasileira.
O desafio é mudar a perspectiva ao tratar das juventudes e compreendê-las como propulsoras de desenvolvimento, ultrapassando paradigmas que as recoloca em lugares de desvantagem, com pouca compreensão sobre as diversas formas de agenciamento e mobilização.
O ativismo de resistência dos jovens se apresenta como modos de pensar e agir na sociedade, nos seus territórios, a partir de movimentos guiados pela cultura que protagoniza novas vozes na cidade por meio da música, grafite, literatura, da poesia cantada de rua, performace artística e tantas outras expressões.
São diversas as formas de organização juvenis que visam mitigar os impactos negativos da fome, da pobreza, da violência e do desemprego nas comunidades periféricas. São respostas locais ao enfrentamento das desigualdades e discriminações que abrigam uma cultura marcada por questionamentos antirracistas.
Não tem sido positivo conceber a juventude apenas como mera beneficiária das políticas públicas, mas como protagonista, interlocutora política que denuncia um conjunto de problemas que os impede de acessar direitos e exercer sua cidadania, posto que tem capacidade de apontar e articular novos pactos civilizatórios.
A juventude precisa contar com ativos da escola, no sentido de reconhecer sua potência. Com processos educacionais que vá além da transmissão de conteúdo, e da preparação para exercer uma profissão. Mas que a afete positivamente, fortaleça sua autoestima como estudantes com talentos e poder transformador.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor