Há quem diga, do alto dos seus tamancos, que a mentira tem suas utilidades e quem mente se dá melhor na vida.
Será que é verdade, Juninho?
Como sou cético, fico encafifado no meu canto, ouvindo a zoada da mutuca.
Não se trata de fazer apologia à mentira nesse espaço. É que, apesar de ser pecado, a mentira está “comendo solta na buraqueira”, nesse país descoberto por engano, causando mais estragos do que o bicudo no algodão.
Mentem o homem e a mulher, o menino e ainda sobra um bom espaço para os velhos viciados em mentiras ancestrais.
Valei-me, Padre Cícero do Juazeiro!
Sustenta-se até a tese de que o nosso cérebro é programado para aceitar falsidades.
De uma coisa temos certeza: boa parte da classe política forma poderosa fauna de mentirosos, cuja ação produz efeitos deletérios para o país. Na política, até as amizades são falsas.
Por sinal, como no Brasil tudo vira estatística, uma enquete nacional está indagando sobre onde se mente mais: na política ou no casamento?
Já dei o meu pitaco: no casamento, a gente mente, mas é pouco, comparando-se ao cipoal de mentiras do mundo político.
Os pós-graduados em mentira não ruborizam, nem diante do detector de inverdades.
De uma maneira empírica, pode-se descobrir o mentiroso pelo movimento dos olhos, o que confirma um aforismo do Padre Antonio Vieira (não é o de Várzea Alegre, escritor e deputado) que assegurou: “De todos os males do corpo e da alma, são cúmplices os olhos”
Para encerrar a prosa, uma mentira para distrair: “O ser humano é feliz o tempo todo porque tem uma vida eternamente espetacular”.
Já ouço os apupos imaginários seguidos do insulto: “vai mentir assim na baixa da égua, babaca!”
Ih, rapaz, só agora percebo que a Covid-19 me deixou muito distraído.
O Dia da Mentira foi no começo do mês.