O mesmo grupo partidário que elegeu o governador Elmano de Freitas ainda no primeiro turno em 2022 deve estar junto nas eleições municipais de 2024. O ajuntamento de siglas deve liderar a quantidade de candidaturas em municípios cearenses nas eleições de outubro e tentar mostrar força contra uma oposição pulverizada.
A poucos meses da eleição, as redes sociais de dirigentes partidários registram encontros entre lideranças e presidentes de partidos aliados. São os expoentes da política cearense que correm contra o tempo para fechar acordos e lançar candidaturas competitivas em municípios de maior capilaridade eleitoral.
E quem melhor se organiza nesse início de ano é o grupo aliado do governador Elmano de Freitas (PT). Partidos que foram fundamentais para a vitória do petista em 2022 prometem estar juntos na disputa de outubro não apenas em Fortaleza, mas em diversos municípios cearenses.
Esse mesmo grupo, representado pelos partidos PT, PP, MDB, PV, PCdoB e Solidariedade – somado a siglas que chegaram no ano passado, como Republicanos, PSB e PSD –, lançaram 323 candidaturas ao Executivo municipal das 632 totais no Estado – o que representa mais da metade de todos os nomes lançados há quatro anos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levantados pela coluna.
A vitória nas urnas desse grupo na última eleição dá ainda mais combustível para afinar as estratégias agora nos municípios. A oposição, fragmentada entre aliados de Capitão Wagner, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro Ciro Gomes, sai atrás nas articulações e tem desafio de enfrentar a máquina e figuras com apelo popular, como o ministro Camilo Santana e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De 3ª força ao protagonismo
Com 59 candidaturas em 2020, o PT era apenas a terceira força entre os partidos que lançaram nomes para comandar as cidades cearenses. Muito embora tivesse um governador popular, como Camilo Santana, o petismo não conseguiu engajamento nas disputas municipais.
A legenda ainda vinha de desgastes do pós-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e de uma derrota de Fernando Haddad em âmbito nacional em 2018.
Agora, o cenário é outro. A figura de Elmano de Freitas, mais ligada ao partido do que o seu antecessor, o rompimento com o PDT a nível estadual e a recuperação de parte da imagem perdida da legenda no contexto nacional impulsionam a implementação de metas ousadas da agremiação no Ceará.
Dirigentes querem eleger a maior quantidade de prefeitos no Estado, além de filiar gestores insatisfeitos com o PDT. O desafio passa pelo fogo amigo que virá pelos desejos do PSB, que agora sob comando de Eudoro Santana, quer se tornar grande como foi no início da década passada.
O embate por prefeitos não será uma surpresa entre ambos, muito embora o discurso de aliança esteja reverberado aos quatro ventos.
PDT e o pós-rompimento com PT
Em 2020, o PDT, sob a liderança de Cid Gomes, foi o partido que mais projetou nomes ao Executivo: foram 113. A legenda, como consequência, elegeu a maior quantidade de gestores em aliança com o Palácio do Abolição, e em sistema de parceria com o PT em diversas localidades.
O cenário começou a mudar na sucessão de Camilo Santana no Governo do Estado. A crise que se instalou entre as duas siglas acabou gerando um rompimento que tem repercussão direta na disputa municipal de outubro deste ano.
O PDT começou a perder prefeitos – com alguns inclusive se filiando ao PT e ao PSB – e agora vive situação de incerteza quanto à força eleitoral para as próximas eleições – tendo em vista que o candidato do partido ao Governo do Estado, em 2022, o ex-prefeito Roberto Cláudio, ficou apenas em terceiro lugar na corrida eleitoral.
Fusões e novas alianças
Novas siglas devem disputar uma eleição pela primeira vez neste ano. É o caso de partidos que foram construídos a partir de fusões de legendas já existentes. Por exemplo: o PRD vai representar nesta eleição o PTB, que lançou candidaturas em 15 cidades na última eleição, e o Patriota, que apostou em seis nomes para conquistar o comando de municípios no Ceará.
Também ocorreram incorporações. O Podemos incorporou o PSC. Juntos, indicaram 12 nomes nas eleições locais. Assim como o Solidariedade incorporou o Pros. Há quatro anos, as agremiações estiveram presentes com candidatos em 28 cidades.
Nesse movimento, a oposição não ficou estacionada e ganhou força. O DEM, então governista, e o PSL, de oposição, formaram o União Brasil, que está sob o comando de Capitão Wagner, a maior liderança oposicionista ao PT no Estado. Será a primeira disputa eleitoral do União Brasil em eleições municipais.
Oposição pulverizada
Enquanto o PT está fortalecido, inclusive com uma aliança consistente para o pleito municipal, a oposição entra no jogo sob novas frentes. Logo após o rompimento entre PT e PDT, os trabalhistas ajustaram o discurso para oposição. O ex-prefeito Roberto Cláudio tem sido um dos porta-vozes desse movimento, como presidente do partido na Capital.
Outra parte da oposição está representada por Capitão Wagner, que gere o União Brasil. Em meio ao conflito na relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Wagner, agora, busca ajustar sua imagem como uma liderança de centro, afastada de qualquer pecha de extremista. O ex-deputado federal atraiu aliados do ex-presidente nas últimas eleições.
Por último, o bloco opositor é representado por lideranças mais alinhadas com os ideais do ex-presidente da República. Os mais expoentes são André Fernandes e Carmelo Neto. Deputado federal e estadual, respectivamente. O PL lançou candidaturas em 29 municípios e deve crescer para outubro.
As três frentes opositoras que estarão na Capitão e Interior possuem novas lideranças no seu entorno e apelo eleitoral.