O clima entre estudantes universitários e a reitoria da Universidade Federal do Ceará não anda nada amistoso. A relação, que já não era boa desde a ascensão do professor Cândido Albuquerque como reitor, em 2019, piorou nas últimas semanas com o retorno das aulas presenciais no dia 16 de março.
Os alunos reclamam de problemas no Restaurante Universitário (RU), que está fechado há vários dias no Campus do Pici. A falta de garantia alimentar tem tirado o sono de estudantes que não têm condições de pagar um almoço mais caro.
Há registro, porém, de pagamento por parte da universidade de auxílio-alimentação para um grupo de alunos no valor de R$ 108. A UFC, inclusive, promete a reabertura do RU na próxima segunda-feira (4).
Há insatisfação também sobre a ausência de bolsas para alunos da pós-graduação. Pesquisadores do doutorado que vieram de outros estados ameaçam retornar para casa por não ter condições de se manterem na Capital.
Há reclamações sobre o funcionamento dos ônibus entre os campi, problemas de iluminação no Campus do Pici, falta de internet e ausência de equipamentos eletrônicos para a realização das aulas.
Na última quarta-feira (29), estudantes realizaram uma assembleia geral para debater os problemas enfrentados no retorno presencial.
Entre os encaminhamentos da assembleia geral, estão um manifesto assinado pelas entidades de representação estudantil pelo retorno do RU, a criação de um fórum de estudantes com deficiência e a constituição de um grupo de trabalho para executar a jornada de lutas, que terá início imediatamente com a mobilização nos cursos.
Além do ato previsto para esta quinta-feira (31), às 16h, na Praça da Gentilândia, ocorrerão plenárias, no dia 4 de abril, por campus e concurso para intérprete de Libras.
Nota
Em nota extensa aos alunos, na noite dessa quarta-feira (30), o reitor Cândido Albuquerque afirmou que haverá uma mudança na comunicação com os estudantes.
"Anunciamos um novo tempo em defesa da nossa Universidade e estamos inaugurando uma nova era. Para evitar desinformações movidas por razões político-ideológicas, a partir de agora nossa comunicação com a comunidade será direta e sem intermediários", prometeu.
A comunicação através de e-mails e do sistema interno vai evitar, segundo o reitor, "versões fantasiosas, com o objetivo de criar falsas bandeiras" e colocar em dificuldades a administração da instituição.
Segundo Albuquerque, muitos alunos se dirigiram à assembleia com a expectativa de se reencontrar com temas caros ao universo estudantil e construir soluções, "mas o que encontraram foi uma discussão infrutífera, que acabou pecando por não desenvolver uma pauta objetiva".
Ainda segundo o reitor, "foram divulgadas narrativas inverídicas sem qualquer acanhamento, distribuíram-se cartazes contra um suposto candidato a vice-presidente na chapa do PT para a Presidência da República, além de ofensas com base em fatos irreais, dentre outras provocações".
Reabertura do RU
Com a expectativa da reabertura na próxima segunda (4), o reitor declarou que a paralisação do RU se deu pelo "não cumprimento dos acordos licitatórios, levando a Universidade a agir com responsabilidade e celeridade no rompimento de seu vínculo com a empresa contratada, na preparação de licitação emergencial (já em curso) e no pagamento de auxílio-alimentação".
Segundo Cândidato, o auxílio teve o pagamento iniciado na segunda-feira (28) a 339 alunos residentes e 1.534 estudantes não residentes cadastrados na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).
Por fim, o reitor promete que a administração da universidade será feita "com a participação de todos".
A ver.