O desafio de renovar as peças eleitorais no Brasil acabou ficando pelo caminho e deixou a última eleição presidencial ligada a nomes antigos da política, como o ex-presidente Lula e o então deputado federal Jair Bolsonaro, que já era parlamentar por quase 30 anos. Ciro Gomes, em sua terceira candidatura presidencial, surgiu como terceira via. Lula, impedido de se candidatar, acabou levando o nome do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ao segundo turno.
Passados mais de dois anos da eleição, pouco ou nada mudou no cenário nacional. Haddad, candidato natural da oposição ao Palácio do Planalto, perdeu espaço no debate eleitoral e precisou ser "lançado" por Lula nas últimas semanas para voltar ao noticiário como alternativa. Nomes alinhados ao centro e à esquerda seguem aguardando possibilidades. Ainda nada concreto.
A decisão do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, de anular as condenações de Lula no âmbito da Justiça de Curitiba, altera o cenário da disputa eleitoral, naturalmente, mas não traz renovação política. Fica a expectativa da capacidade da união de um grupo político diverso contra o governismo. O que fica escancarado, caso o cenário se concretize, é um antagonismo ideológico e de projeto de desenvolvimento nacional.
Apesar do desgaste natural de quem é governo, o presidente Jair Bolsonaro segue com uma base forte de apoio. A eleição da Câmara dos Deputados mostrou que o Planalto falou a mesma língua do Parlamento para conseguir governar.
Agora, sem impedimentos para se candidatar, Lula será pressionado pelo seu grupo político para disputar novamente uma eleição presidencial. Nomes como o dos governadores Flávio Dino (PCdoB-MA) e Rui Costa (PT-BA), que poderiam reinvidicar esse espaço, já declararam a preferência por nova candidatura do ex-presidente.
Por outro lado, a pré-candidatura de João Doria (PSDB) ainda não decolou como deveria, apesar do protagonismo da vacina contra a Covid-19 no Brasil.
Tudo muda, mas o cenário que aponta para 2022 é o mesmo de dois anos atrás. Não há novidade nas peças do jogo. A grande questão que poderá ser levada à disputa do ano que vem é o discurso empregado, além do modelo político-administrativo que a população deverá cobrar.