Pesquisa do Instituto Opnus, em parceria com o Sistema Verdes Mares, revela que o cearense "abandonou" o voto dado em candidaturas ao legislativo no pleito de 2018.
Há quase quatro anos, brasileiros foram às urnas escolher nomes para os cargos do Executivo (governadores e presidente da República) e do Legislativo (deputados federais, deputados estaduais e senadores).
A poucos meses de voltar às urnas para a renovação de parte das cadeiras, a grande maioria dos que responderam ao levantamento admite não lembrar em quem votou na última eleição.
Se não lembra, não há cobrança da parte do eleitor. Por outro lado, o candidato, se eleito, também não será pressionado a dar justificativas sobre a postura adotada durante o mandato, para o mal ou para o bem.
Se o índice de "esquecimento" em relação aos votos para o Executivo é considerado alto, conforme a reportagem publicada pelo Diário do Nordeste, os números relacionados aos cargos legislativos são ainda mais preocupantes.
Legislativo
Na consulta, 78% dos que responderam ao questionário admitiram não lembrar em quem votaram para as duas vagas do Senado, em 2018. Enquanto 9% afirmaram lembrar apenas de um dos votos e 13% declararam lembrar das duas indicações.
Em 2018 foram eleitos dois senadores pelo Ceará, o ex-governador Cid Gomes (PDT) e o empresário Eduardo Girão (Podemos). Ao todo, no entanto, foram 13 candidaturas para as ocupar os postos em Brasília.
O "esquecimento" também é visto nas 22 vagas para a Câmara dos Deputados que o Ceará tem direito. Apesar da grande quantidade cadeiras, o eleitor escolhe apenas um para representá-lo. E mesmo assim, o levantamento mostra que 72% não lembram em quem votaram para a vaga de deputado federal e apenas 28% sabem o nome.
Na Assembleia Legislativa são 46 vagas indicadas pelo eleitor. No Ceará, de acordo com a pesquisa, o índice de eleitores que não lembra em quem votou para deputado estadual é de 76% contra 24% dos que lembram.
Quem é o "dono" do mandato?
Quando o eleitor não sabe em quem votou, abrem brechas caras à democracia. Não é de hoje que parte dos representantes eleitos esquece as bandeiras pelas quais defendeu na eleição e adota uma postura completamente diferente da que foi publicizada na campanha.
É a conhecida "fraude eleitoral". A cada esquecimento do eleitor, o descompromisso com a agendas em comum só é reforçado. Tanto é que a prestação de contas é vista atualmente como um ponto fora da curva de certas autoridades públicas.
Dizer o que fez no mandato, a preço de hoje, não é visto como uma simples obrigação, mas como um "plus". Esse comportamento também é resultado da postura de distanciamento entre eleitor e eleito.
Pesquisa
Para a pesquisa "Lembrança de voto nas eleições de 2018 no Ceará", o Instituto Opnus entrevistou 2.200 eleitores, com idades a partir de 16 anos, em 101 dos 184 municípios cearenses. O levantamento foi realizado entre os dias 9 e 14 de fevereiro deste ano.
A margem de erro, de acordo com o Instituto, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.