Influenciador cearense atinge 1 milhão de seguidores dando dicas sobre finanças

Especialista em educação financeira fornece orientação básica a pessoas que querem começar a investir

A inquietação com a falta de conhecimento da população sobre finanças levou o contador cearense Alberto Pompeu a começar a produzir conteúdos educativos, numa tentativa de democratizar o acesso a informações básicas quanto à forma como lidamos com dinheiro. E o que começou despretensiosamente quatro anos atrás, hoje é trabalho sério.

Deixando a timidez de lado, Pompeu publicou os primeiros vídeos para um público restrito. Eram 400 seguidores, a maioria formada por amigos. Hoje, ele fala para 1 milhão de pessoas em todas as plataformas. Somente no TikTok, seu carro-chefe, são quase 700 mil seguidores, o que faz dele um dos principais – e possivelmente o maior – influencers cearenses de educação financeira.

"Foi um processo. Comecei a me interessar pelo assunto e a aplicar as ferramentas em minha vida, quando percebi como isso refletia positivamente em outros aspectos além das finanças. E conhecendo muitas pessoas de diferentes classes sociais, percebi como a educação financeira poderia impactar de forma positiva na vida das pessoas e das suas famílias, independentemente do poder aquisitivo delas".
Alberto Pompeu
Influenciador digital de finanças

Por que a educação financeira é atrasada no Brasil?

O objetivo, explica, é tentar preencher o vácuo da educação financeira no Brasil, onde apenas 2,14% dos habitantes investem em Bolsa. No Ceará, menos ainda (1,27%); enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa é de 58%. E por que esse assunto não avança com a celeridade merecida na sociedade?

Para Pompeu, a falta de ensino financeiro nas escolas se dá pelo desinteresse da elite brasileira em difundir esse conhecimento, pois, segundo defende, essa ignorância é lucrativa para bancos e outras empresas do setor financeiro.

"Cite-se, como exemplo, os milhões de empréstimos feitos diariamente, nos quais as pessoas contratam com os bancos na condição de pagarem de volta juros altíssimos, e muitas vezes abusivos, para efetuarem a compra de algum bem, formando, assim, uma bola de neve de dívidas, em que só quem lucra é o Banco, estando o salário do brasileiro todos os meses destinados ao pagamento das dívidas, sem qualquer reserva para investimentos", argumenta.

@alberto.pompeu Respondendo a @eaicordeiro Busque uma melhor opção para seu dinheiro #AprendaNoTikTok #AgoraVocêSabe ♬ som original - O Alquimista Investidor 🧙🏻

Ele afirma que a situação também não incomoda os governos, pois, sem educação financeira, a população tende "a depender muito mais dos programas assistencialistas, uma forma de manipulação das massas, que prendem ainda mais o indivíduo ao Estado".

O influenciador pontua que é de grande valia aos governantes que os indivíduos dependam dos salários que recebem, sejam endividados e pouco esclarecidos, "pois o poder só pode ser exercido sobre aquele que é mais fraco".

Sucesso nas redes

Ele atribui o sucesso na internet, entre outros fatores, à linguagem utilizada nos vídeos, desviando-se de termos técnicos que acabam por afugentar os curiosos. Conta que recebe centenas de mensagens, diariamente, de pessoas que passaram a investir após consumir seus conteúdos.

No TikTok, são mais de 690 mil seguidores; no Kwai, 187 mil; no Youtube, tem 82 mil inscritos; e, no Instagram, é seguido por quase 50 mil pessoas.

Mas ainda existe muita resistência ao tema. "Há muito preconceito, lendas, ceticismo e medo no mundo dos investimentos. Uma das coisas que mais falo é que você pode começar com pouco. Que não são só pessoas ricas que devem investir", ressalta.

Interesse crescente

No entanto, essa realidade vem, gradualmente, mudando. Segundo ele, é perceptível o crescimento do interesse pelo mundo dos investimentos, e essa onda vem superando alguns tabus, como o amor fervoroso dos brasileiros pela poupança, investimento que vem apanhando da inflação e entregando pouco aos seus detentores.

"Temos um caminho longo a ser percorrido nesse sentido, mas acredito que é uma mudança de padrão perfeitamente alcançável. Sou muito otimista em relação ao futuro", conclui.