Anunciado publicamente em janeiro, o inovador projeto para produzir carros voadores no Ceará está enfrentando obstáculos no setor público. O projeto prevê investimentos de R$ 280 milhões em 5 anos e mais de 150 empregos diretos no primeiro ano de operação.
No entanto, o cronograma está emperrado por um imbróglio na cessão do terreno por parte da Prefeitura de Itaitinga - onde será construído o empreendimento - para a Vertical Connect, responsável pelo projeto.
Em conversa com esta Coluna, o CEO da companhia, Adib Abdouni, queixa-se de negligência por parte da gestão do Município em relação à fábrica..
Sem reunião com o prefeito
"No Governo do Estado, fomos muito abraçados e bem-recebidos. Nosso problema é especificamente com a Prefeitura de Itaitinga. Para se ter ideia, desde que começamos o relacionamento com Itaitinga, nunca tivemos uma reunião presencial com o prefeito", diz o executivo, segundo quem houve várias tentativas de contato. O prefeito de Itaitinga é Marquinhos Tavares.
Abdouni afirma que a empresa teve boas reuniões com secretários, "mas não são eles que dão o ok".
"São meses esperando uma reunião presencial com o prefeito. Nós nunca nem conseguimos apresentar o projeto pra ele", reclama.
Resposta da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Itaitinga afirmou que está tratando sobre os trâmites burocráticos para garantir a cessão do terreno. Veja a nota na íntegra abaixo.
"A Prefeitura de Itaitinga está trabalhando nos trâmites burocráticos para garantir a cessão do terreno para a empresa que vai fabricar os carros voadores. Estamos muito empolgados e embarcamos verdadeiramente neste projeto. Valorizamos cada emprego que é gerado em nossa cidade, pois isso garante renda e dignidade ao nosso povo. No entanto, estamos em um ano eleitoral e todos os trâmites burocráticos precisam ser tratados com muita atenção para não infringir os limites da legislação eleitoral vigente".
Outras cidades buscaram a empresa
"Nosso interesse de fazer as instalações em Itaitinga se dá por várias situações. O terreno é grande e já tem um hangar construído lá e nós já entraríamos com os equipamentos para começar a funcionar. Mas, diante dessa demora, nós estamos sendo assediados por outras cidades, de São Paulo e do Ceará. Estamos chegando à conclusão que Itaitinga não quer e nós temos que, talvez, ficar em São Paulo ou negociar outro lugar em Fortaleza", revela o empresário.
A Vertical, contudo, vai esperar um retorno oficial da Prefeitura antes de seguir com as conversas com outras cidades.
Mesmo com a incerteza, a empresa tem a meta de fabricar mais de 100 aeronaves de agronegócio no primeiro ano. Já as tripuladas devem ter o início da produção em escala no ano que vem.