Recém-chegada ao mercado, a cearense Multiverso Educação realizou o primeiro movimento ao adquirir uma escola (Colégio Sousa Correia) em Fortaleza, no bairro Messejana. O negócio foi concluído em setembro e representa o pontapé inicial de um plano maior. Em cinco anos, a companhia tem a meta de comprar 15 escolas de médio porte – quatro das quais em 2023 – e atingir R$ 100 milhões em faturamento.
Os alvos das aquisições são colégios localizados em bairros estratégicos, inicialmente na capital cearense, mas com possibilidade de expansão para outras áreas do Ceará e, futuramente, do Nordeste.
"Você vê que tem bairros em plena expansão. Esse movimento começa com o residencial e vai se espalhando para o comércio, afinal, as pessoas querem acesso às coisas ali perto, e nós, como uma rede de colégios, estamos com a proposta de fazer esse movimento também na educação", explica a esta Coluna Fernando Pontes, CEO da companhia.
Bairros na mira
Os próximos bairros em que a Multiverso pretende ingressar são Passaré, Jóquei Clube e Cambeba. Algumas escolas já estão no radar para aquisições.
Os investimentos, centrados em unidades de até mil alunos, variam de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, incluindo os imóveis.
"A gente pega, por exemplo, uma escola que estava enfrentando problemas financeiros e reestrutura, reforma, implementa tecnologia, sistema de ensino, contrata bons professores e muda a marca, colocando o nosso nome", detalha o empresário. O portfólio inclui ainda ensino integral, esportes e inglês.
Nem sempre o target de aquisição estará em colégios que atravessam crises. Segundo Pontes, as escolas de bairro geralmente são negócios familiares e é comum que, nesses empreendimentos, os donos não tenham planos de sucessão, o que abre margem para a venda.
Convém ressaltar que os colégios de bairro se diferenciam dos grandes players por, entre outros fatores, oferecerem acesso e relacionamento mais estreitos entre escola, alunos e pais, numa sinergia quase familiar. A Multiverso, segundo o executivo, pretende manter esse perfil.
Nesta etapa inicial, um desafio dos compradores é a resistência dos donos em se desfazerem de negócios nos quais atuaram a vida inteira. "No começo, naturalmente existe um pouco de ceticismo, mas nós queremos convencer que as escolas nos confiem os seus legados", afirma Pontes.
Ele estima que a velocidade das aquisições tende a engrenar marchas mais céleres quando a empresa se tornar conhecida.
Preços
Atuando do berçário ao último ano do Ensino Médio, as escolas deverão ter mensalidade entre R$ 600 e R$ 1.000, a depender das especificidades de cada área.
"Nós atuamos em um segmento acessível. Em alguns colégios, a gente vai conseguir manter preço, em outros, a gente vai precisar ajustar", ressalta o diretor de Marketing, Nortpool Furlani.