Em 2011, o engenheiro e empresário cearense Adão Linhares participou ativamente da implantação da primeira usina solar comercial do Brasil, localizada em Tauá, no interior do Ceará, um projeto revolucionário bancado por Eike Batista, que à época se aventurava por vários setores.
O empreendimento teve importância medular para o progresso das energias renováveis do Ceará e se mantém ativo até hoje, embora, para os padrões atuais, seja um projeto de pequenas dimensões.
Adão Lembra que o desenvolvimento foi desafiador, pois, naquela época, não havia fornecedores de painéis solares, inversores e estruturas metálicas para a fixação dos módulos solares.
"As negociações para o fornecimento dos painéis solares e dos inversores foram realizadas praticamente com empresas estrangeiras, e isso contribuiu com a necessidade da amplificação da legislação e das normas técnicas para a certificação e homologação dos futuros equipamentos a serem utilizados no mercado nacional", relembra.
Legado do projeto
"Outro ponto importante foi o desenvolvimento do projeto das estruturas metálicas para a fixação dos módulos com a participação de metalúrgicas locais, gerando a expectativa da possibilidade da abertura de um novo mercado para o parque industrial do Ceará”, destaca o empreendedor.
Fundador da Energo, empresa que atua em soluções inovadoras para energia, ele agora mira o potencial do hidrogênio verde.
Hidrogênio verde
Um dos projetos em curso é o Mix Energy, uma parceria com a HL Soluções Ambientais e a BFA, que visa à construção de uma usina de produção de hidrogênio verde, utilizando inteligência artificial (IA) para analisar e otimizar os melhores produtos para o mercado.
Trata-se de um sistema híbrido de geração de energia estável de baixo carbono e Power-to-Methanol, interligado por uma IA. O objetivo é abastecer o mercado interno.
O projeto ficará em uma área de 51 hectares, no Pecém, com capacidade estimada de 110MW de eletrólise e produção de metanol estimada em 93500 toneladas por ano.
Além disso, a empresa está desenvolvendo projetos de eólica offshore e grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica, tanto para a própria empresa quanto para diversos clientes.
Descarbonização
Como participante do Pacto Global da ONU, a Energo acredita que o mercado global está no caminho certo rumo à descarbonização até 2050.
Para Linhares, há necessidade de incentivos tributários e políticas públicas robustas para garantir a segurança dos investidores em soluções sustentáveis. “O problema não é a falta de recursos financeiros, mas sim a segurança para utilizá-los nesse objetivo”, afirma Linhares.
O especialista acredita que a instabilidade econômica global, exacerbada pela pandemia e conflitos internacionais, é um dos principais entraves para a descarbonização.
Além disso, a capacidade tecnológica, embora em constante desenvolvimento, ainda não atende completamente às demandas mundiais.
"A falta de políticas públicas fortes e regulamentações adequadas também é um obstáculo significativo. No Brasil, a saída de investidores do mercado de eólica offshore devido à indefinição regulatória exemplifica esse problema. Situação semelhante ocorre no mercado de hidrogênio verde", ressalta.