Competência, sorte e azar

O futebol é assim mesmo, cheio de altos e baixos, de quedas e ascensões, de subidas e descidas. É cheio de solavancos como avião no meio das tempestades. O Fortaleza caminha para a definição de sua presença na Série A nacional 2021. Esperança e medo, lado a lado. É terrível deixar tudo para as últimas jornadas. Muitas vezes, em situação assim, não é a qualidade do futebol que predomina, mas a sorte ou azar de cada um. Há quem diga que não existe sorte no futebol. Ora, sorte existe em tudo na vida: no trabalho, no amor, na religião, na ciência, nas artes, na política. Existe azar maior do que um candidato eleito presidente da República morrer poucos dias antes da posse? Existe azar maior do que mandar uma bola na trave aos 45’ do segundo tempo, numa decisão de Copa do Mundo, máxime quando o jogo está empatado? Pois Rensenbrink, da Holanda, mandou a bola na trave da Argentina exatamente nessas circunstâncias. Sorte da Argentina que ganhou a Copa na prorrogação. Sorte ou azar pode ser um erro da arbitragem. Sorte ou azar pode ser um VAR descalibrado justo num lance duvidoso. Prefiro apostar na competência do Fortaleza. A sorte e o azar andam juntos. E não são confiáveis. A competência é. 

Mérito do treinador 

Enderson Moreira não raro cuida de ver os jovens como instrumento de salvação. Enderson sempre foi afeito a observar jogadores das bases. Mérito dele na melhor utilização de Luís Henrique e Igor Torres. Esses dois atletas poderão fazer a diferença diante do Bahia.  

O melhor 

Vina está sendo o destaque do Ceará, já pela excelente qualidade de seu futebol. Além dos gols, o serviço. Realmente Vina é o melhor jogador do Ceará na temporada. Mas faço uma menção especial ao Fernando Sobral. Há anos eu não via um jogador com tanta energia. Fenômeno. 

Que tipo 

Energia eólica, energia solar, bateria de ião lítio, sei lá. Só mesmo o próprio Fernando Sobral para explicar de onde vem essa interminável fonte que o faz combativo por tanto tempo, de forma ininterrupta. Charles, quando aqui chegou, também revelou grande reserva física. Mas depois sentiu. 

Não há quem queira ser rebaixado. É humilhante. O time se sente inferior, complexado. Mas não é o fim do mundo. 

Dos chamados grandes do futebol brasileiro, já vi na Série B Corinthians, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Fluminense, Palmeiras, Grêmio Internacional e Cruzeiro. Mas é difícil aceitar.