Dois dias depois, ainda há quem esteja sem acreditar no feito do Ceará. É como quem acorda de um pesadelo e ainda se assusta com o que estava sonhando, a despeito de não ser realidade. O torcedor alvinegro se belisca, se toca e vê que é verdade. É verdade que viveu na zona de rebaixamento. É verdade que rastejou na lanterna. É verdade que chegou à beira do abismo. É verdade que deu um passo à frente. Mas foi puxado por um salvador, desses de última hora. Um senhor que dizem ser doido, não de nascença. Cheguei no íntimo a dar tudo por perdido. Mas não tive a coragem de dizer isso. Motivo: eu já vira o Ceará duas vezes em situação semelhante. E, nas duas situações, eu vi o Ceará ser mais Ceará. Agora, pela terceira vez, vi de novo o Ceará ser mais Ceará.
Planejamento
Fica para o Ceará a lição deste ano 2015, marcado mais por vexames que por glórias. A conquista da Copa do Nordeste foi ofuscada pela perda do pentacampeonato para o Fortaleza e pela dolorosa campanha na Série C nacional. Planejamento equivocado que por pouco não conduz o Vozão à indesejada Série C.
Pênalti
O lance do pênalti cometido pelo Macaé (Henrique deslocou no ar o atacando Alex Amado, quando este tinha tudo para marcar o gol) foi corretamente marcado pelo árbitro Wilton Pereira Sampaio que viu tudo bem de perto. Para mim não restou dúvida: pênalti claro. Mostrei repetidas vezes no Debate Bola.
Artilheiro
Rafael Costa fez muitos gols. Mas perdeu também muitos gols. Contra o Macaé teve três chances claras. Desperdiçou-as. Seu aproveitamento poderia ter sido maior ainda. Mas, de qualquer forma, tem significativo saldo a favor. Impressiona mesmo a sua impulsão. Não é tão alto, mas ganha as bolas altas. É uma arte.
Ausência
Ficou bem claro agora o motivo por que o técnico Lisca sempre optou por Siloé nas substituições no ataque. Vocês viram: quando o Ceará precisou “matar” o jogo, Mazola e Fabinho não souberam aproveitar os três momentos que surgiram. Certamente Siloé teria feito melhor. A propósito, o futebol Siloé cresceu muito sob o comando de Lisca.
Personagem
Nelson Rodrigues, nos anos 50, escrevia “Meu Personagem da Semana” na famosa revista O Cruzeiro. Um primor. Elegi o meu personagem da semana: Éverson, goleiro do Ceará. Nos milagres, em duas defesas que fez, seus braços alongaram tanto que pareciam ter saído do corpo dez centímetros a mais. Incrível. Impossível. Possível. Goleiraço!
O técnico
Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, Lisca, Ele ganhou a minha admiração logo que aqui chegou. Esteve no Debate Bola. Disse que, jogo por jogo, ia trabalhar para o Ceará não cair. Assim foi feito. Deu certo. Na época, Lisca prometeu que, se o Ceará não caísse, dançaria zumba no programa. Estava presente a jovem professora de zumba, Yara, que mora em Morada Nova. Se ele for mesmo cumprir a promessa, a Yara virá para analisar o desempenho dele. Parabéns, Lisca. Você foi demais. Vou cobrar a promessa.