Tom Barros: Suplício e comiseração

Suplício e comiseração

O futebol, que tantas alegrias proporciona, às vezes se transforma num suplício continuado que conduz ao sentimento de piedade, compaixão. A imagem dos jogadores do Ceará na derrota para o América/MG era digna de comiseração porque traduzia espanto, desespero, agonia, desencanto, dor, sofrimento. Eu encheria de palavras tristes esta página se fosse buscar no fundo da alma de cada atleta alvinegro a tortura de não ter forças para reagir. A tortura de ter que aceitar até o fim as vaias em profusão. Alguns, se fosse possível, teriam pedido para sair, buscando abrigo nos vestiários. Mais que as vaias doi a impotência diante do infortúnio. O ter que aguardar o apito final para então fugir das câmeras e microfones. Buscar um lugar distante, bem distante. Fugir, fugir.

Semblante

Olhei bem para decifrar o semblante de Marcelo Cabo. Não consegui. Ora, decepção; ora descrença. Ora o jeito de quem certamente pensava: o que é +que eu estou fazendo aqui... Mas logo outra reação animava. E eu pensava cá com os meus botões: ele vai conseguir arrumar o Ceará. Calma. Muita calma. Tem ainda o returno. Dá.

Ampliação

A cada derrota aumenta o número de torcedores que já jogaram a toalha e admitem que o Ceará já caiu. Discordo. Como já caiu? Admito que o Ceará está mesmo à beira do despenhadeiro. O precipício está aí à sua frente. Não sei mesmo se ainda há condições de salvá-lo da queda. Sim, mas ainda não caiu.

Recordando
 
26.07. 2005. Faz 10 anos. Castelão. Ceará 2 x 0 Marília/SP pela Série B do Campeonato Brasileiro. O zagueiro Váldson (à esquerda), após marcar o um gol de pênalti, comemora com um companheiro. O outro gol foi de Paulinho Macaíba. Ceará: Adilson; Jamur, Váldson, Duílio e Victor Boleta; Élder, Barata (Paulinho Macaíba), Wendell e Da Silva (Léo); Capitão e Val Baiano (Reinaldo Aleluia). Técnico: Valdir Espinosa

Pessimistas

Fico sem entender e sem aceitar quando noto pessimismo em alguns torcedores do Fortaleza com quem converso. Admito até a natural apreensão quanto à fase mata-mata por todo um histórico de decepções. Sim, mas antecipar medos não tem cabimento. Puxa, o Fortaleza tem a maior e melhor campanha da Série C nacional.

Comparando

Ora, juntando os 20 clubes da Série C, nenhum conquistou 24 pontos, nenhum alcançou a marca de sete vitórias. Nenhum tem 72.7% de aproveitamento. O Brasil, líder do Grupo B, só conseguiu igualar-se ao Leão no saldo de gols (11). É inoportuno, pois, trazer sentimentos negativistas a um time que é líder absoluto.

Retorno

A volta de Corrêa ao time titular do Fortaleza, sábado próximo diante do Cuiabá, reconstitui o melhor que o Fortaleza tem na meia-cancha. É incrível: com Corrêa o Fortaleza é um; sem Corrêa é outro bem diferente. Mas é importante vez por outra o Leão jogar sem esse seu valoroso atletas, justo para não ficar dependente dele, máxime em caso de jogos decisivos.

Eliminatórias

 Houve 12 jogadores estrangeiros expulsos em jogos contra o Brasil pelas Eliminatórias das Copas do Mundo: Zárate (Colômbia, 1977), Marin (Venezuela, 1981), Echenaussi, duas vezes (Venezuela, 1981 e 1993), Ormeno (Chile, 1989, Quintana (Paraguai, 2000), Pizarro (Chile, 2000), Castillo (Colômbia, 2000), Vera (Venezuela, 2001), Ignácio Garcia (Bolívia, 2008), Valdivia (Chile, 2008), Maximiliano (Uruguai, 2009) e Alexis Sanchez (Chile, 2009). Dados de Airton Fontenele.

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