Tom Barros: Não viria nenhum

Vamos receber no Castelão, dia 13 próximo, a Seleção Canarinho, que nos últimos tempos sofreu o desgaste de seguidos fracassos. O maior deles, melhor esquecer. Deixa lá na memória do alemão Schweinsteiger. Pela convocação de Dunga para os jogos contra o Chile e Venezuela, a relação contempla mais a chamada "legião estrangeira" com atletas do Monaco, Bayern de Munique, Atlético e Real de Madrid, PSG, Inter/IT, Wolfsburg, Manchester City e Chelsea. Até 1965 nenhum atleta desses times seria convocado, pois somente eram chamados os dos times do Brasil. Só a partir da preparação para a Copa de 1966, passaram a chamar atletas de times estrangeiros. Amarildo foi o primeiro brasileiro, atuando no estrangeiro (Milan/IT), a ser chamado.

Exemplo

Os próprios atletas tinham consciência e entendiam que correto era chamar quem atuava no Brasil. Assim o notável Julinho, destaque da Copa de 1954, ficou fora da convocação para 1958. E ele mesmo, bom caráter, fez questão de dizer que justo era convocar os que estavam aqui no Brasil. Abdicou da possível convocação.

Fora

Para a Copa de 1962, no Chile, até os titulares campeões do Mundo de 1958, que estavam fora do Brasil, não foram chamados. O zagueiro Orlando que, estava no futebol argentino, ficou fora. E Vavá, sabendo da situação, deixou o Atlético de Madrid e veio para o Palmeiras. Sabia que, se continuasse na Espanha, não seria chamado.

Explicação

O não chamamento de "estrangeiros" não era discriminação. É que havia no Brasil qualidade de sobra para suprir com qualidade os que atuavam no exterior. Dirão que hoje não há essa qualidade. Ora, se houvesse um trabalho de seleção permanente, com atletas só daqui, creio que seria possível, sim, montar uma seleção competente.

Utopia

Dentro da linha até aqui exposta, creio que me chamarão de sonhador, utópico. Certamente serei olhado como ultrapassado, retrógrado, que busco trazer de volta o futebol romântico. Seja como for, a Seleção Brasileira, tricampeã em 1970, tinha titulares e reservas que só atuavam em times do Brasil. Tudo bem, aceito as contestações.

O primeiro

Amarildo, bicampeão do Mundo pelo Brasil no Chile em 1962, foi o primeiro brasileiro que, atuando no estrangeiro (Milan/IT), recebeu convocação da Canarinho. Foi convocado para a Copa do Mundo de 1966, mas cortado porque sofreu contusão. Jair da Costa, da Inter/IT, tinha sido pré-convocado para a Copa de 1966, mas ficou fora. Estava aberta a exceção.

Selecionadas

Dunga enfrentou o Chile 11 vezes (4 como atleta, 7 como técnico), sem nunca perder (10V e 1E). Como jogador, pela Seleção Olímpica, 1 a 0 em 1986; pela seleção principal (1 x 1 e 2 x 0 - Eliminatórias de 1989) e 4 x 1 (Copa do Mundo de 1998). Como treinador, nas duas passagens (2006/2010 e a partir de 2014), obteve sete vitórias pela seleção principal em amistosos, eliminatórias, Copa América e Copa do Mundo (4 x 0, 3 x 0, 6 x 1, 3 x 0, 4 x 2, 3 x 0 e 1 x 0). Dados de Airton Fontenele.

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