Tom Barros

Sequência de vitórias

Primeiro ato cumprido: o Ceará espantou o fantasma da falta de vitórias. E espantou num momento muito importante porque na casa do adversário, o ABC, e na ausência de um jogador referência como Ricardinho. Mas essa vitória não pode esgotar-se em si mesma. Perderá o efeito animador e transformador se não for o início de uma sequência capaz de devolver ao time a certeza de saída da zona maldita. Foi ótima porque demolidora do tabu e provocadora de uma possível retomada. O semblante dos atletas após a partida retratava muito bem a confiança em melhores dias. A entrevista de Uillian Correia, em tom de desabafo, foi como o brado de um guerreiro refeito, vitorioso, após seguidos reveses. E pronto agora para dar a resposta com novas vitórias.

Recordando

10 de setembro de 2005. A torcida do Ceará invade o gramado do PV para comemorar com os jogadores o não rebaixamento para a Série C. O jogador Maurílio tem seu uniforme levado pela torcida e fica apenas de cueca. Comemoração semelhante à conquista de um título. Orgulho do Ceará de nunca ter caído para a Série C. Naquele ano caiam seis times, pois eram 22 participantes. Bahia e Vitória foram rebaixados juntos para a C na ocasião.

Aproveitamento

Geninho falara que Uillian Correia poderia chegar mais à frente e também concluir jogadas. Em Natal Uillian fez isso. Marcou um gol e concluiu outro lance com boa chance. Com a volta de Ricardinho, tal expediente poderá ser aperfeiçoado. Uillian se mostrou à vontade. A comemoração junto a Geninho foi sintomática.

Calma

O Fortaleza vive tamanha paz que até o presidente Jorge Mota, mesmo com eficiente trabalho, não tem sido lembrado pela torcida e pela mídia. Se o time estivesse mal, o presidente seria alvo de críticas contundentes. Presidente de time de futebol é como árbitro: quando ninguém lembra dele é porque está fazendo bom trabalho.

Firme

Há jogadores que, após chegarem ao clube, demoram certo tempo a responder com bom futebol. Alguns demoram mais, outros bem menos. É o que chamam de processo de adaptação. É raro acontecer a integração imediata. Mas acontece. Caso do lateral-esquerdo Thallyson, do Fortaleza. Chegou e logo se estabeleceu, firme e forte.

Responsabilidade

Tenho tido dificuldade ao tentar entender o declínio vertiginoso do Icasa. A meu juízo, o momento dramático do Verdão não comporta vaidades pessoais até porque não há dirigente que possa se orgulhar de estar à frente do desmonte. Não promove ninguém entrar para a história como dirigente que rebaixou o clube para a Série D nacional.

Consciência

Ótima a entrevista do ala Fernandinho após a vitória do Ceará sobre o ABC. Ele disse: "É preciso reconhecer com humildade que o Ceará não tem mais o mesmo futebol campeão da Copa do Nordeste. Mas pode, com o esforço geral, cumprir a parte que lhe cabe, tal como fez aqui". É verdade. O time pode render mais quando sabe de suas limitações e procura superá-las.

Eliminatórias

O Brasil, em seus 92 jogos, de 1954 a 2009, contou com 209 jogadores (126 atuando também nas Copas do Mundo e 83 só na fase classificatória). Dentre esses Marcelo Oliveira, atual técnico do Palmeiras (1 jogo e 1 gol em 1977). Eis a primeira formação do Brasil. Foi na vitória (2 x 0) sobre o Chile, em Santiago (28.02.1954), gols de Baltazar: Veludo, Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos, Bauer, Bradãozinho, Julinho, Huberto, Baltazar, Didi e Rodrigues. Técnico Zezé Moreira. Dados: Airton Fontenele.

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