Tom Barros

Balanço parcial

Quero crer que na história nunca Fortaleza e Ceará jogaram tanto em tão pouco tempo. De 4 de fevereiro ao dia de hoje, 20 de março, quatro clássicos. E, diga-se, todos eles muito bons pela produção, pela disputa, pelo equilíbrio, pela técnica, pelos esquemas, pelo entusiasmo. Um empate (04.02.2015), vitória do Ceará, 1 x 0 (28.02.2015), vitória do Fortaleza, 2 x 1 (07.02.2015) e vitória do Ceará, 2 x 1 (18.03.2015). No cômputo geral, vantagem alvinegra. Mas, quanto à produção, tudo muito semelhante, ora predominando o alvinegro, ora predominando o tricolor. Vitórias nos detalhes. Chances desperdiçadas de parte a parte. Não há como afirmar que uma equipe é infinitamente superior à outra. E nos próximos jogos, pelo visto, não será nada diferente.

Qualidade

O passe de Magno Alves, de tão preciso, de tão sutil, de tão espontâneo, deveria valer meio gol. O passe que deu para Wescley marcar o segundo gol do Ceará me conduziu a outros passes famosos como os de Pelé na Copa de 1970 no gol de Jairzinho na Inglaterra e no gol de Carlos Alberto na Itália. E o de Iarley para Gabiru marcar o gol do titulo mundial do Inter em 2006.

Conclusões

Ha lances que, pela beleza plástica, mereciam terminar em gol. Nem sempre, porém, isso acontece. Caso do lance em que Pio, em veloz contra-ataque, aplicou o drible da vaca em Charles. Chegou livre na cara do gol e mandou a bola para fora. Faltou calma. Ele ainda teria outra opção, caso preferisse não concluir: Maranhão estava ao lado com amplas condições de marcar.

Recordando

Faz oito anos que essa foto foi batida. Perguntei a vários torcedores do Fortaleza se identificavam esses atletas contratados em 2007 pelo tricolor. Ninguém soube responder. Na época o Leão tinha um bom patrocínio da Santana Têxtil do Brasil. Finalmente, após pesquisa, o colaborador Elcias Ferreira identificou os atletas. A partir da esquerda: Cleverson e Ricardinho. Tiveram efêmera passagem pelo Leão.

Ausência

Por mais paradoxal que pareça, há jogadores que mais são lembrados quando ficam fora de um clássico. Exemplo está na lacuna deixada por Daniel Sobralense, que não pôde atuar no clássico passado. Basta lembrar o que representou na vitória do Leão na qual ele marcou o gol da virada. Tipo do jogador que faz a diferença.

Compreensão

O lateral-esquerdo do Ceará, Fernandinho, foi infeliz no gol contra que marcou. Mas nada de queimar o jogador que é bom e tem correspondido. E vale frisar: se Fernandinho não tivesse procurado intervir, Lúcio Maranhão estava bem colado a ele e, certamente, teria concluído com êxito o cruzamento vindo da esquerda.

Coisas do destino

Wescley saiu do banco para ser o herói do clássico passado. É quando tem de acontecer mesmo. Quem vinha em alta pelas recentes atuações e oportunos gols era o atacante Marinho. Mas este, que se apresentara febril no dia anterior, não suportou o ritmo do jogo, sendo ainda no primeiro tempo substituído por Wescley. Resultado: Wescley fez o gol da vitória.

Comportamento. Embora ainda tênue, já se observa uma avanço nas relações das torcidas do Ceará e do Fortaleza por ocasião dos grandes clássicos. Há ainda registros de confrontos nos terminais e nas vias que levam aos estádios. Entretanto, há visível melhora, quer pelo trabalho da polícia (muito bom), quer pelo estímulo à paz veiculado pelos jornais e emissoras de rádio e televisão. É possível projetar-se para um futuro bem próximo comportamento civilizado e eminentemente esportivo.