Tom Barros

Nível da competição

Não há como exigir padrão europeu no Campeonato Cearense que ainda está nas primeiras rodadas. Além disso, vejam a diferença de estrutura dos times do Velho Mundo com o que há no futebol brasileiro. Até os grandes centros do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, ficaram para trás diante da força do euro sobre o real. Como então querer padrão de primeiro mundo aqui? Ainda assim, não obstante todos os percalços, o otimismo persiste com relação à disputa estadual. Ela ainda tem charme próprio e tende a crescer nas próximas rodadas. É verdade que poderia estar melhor. Mas cabe uma observação notória: nenhuma competição começa a mil por hora. Nem mesmo as do elogiado e badalado futebol europeu.

Proporções

Em defesa dos campeonatos estaduais não apenas a força da tradição, mas também sua importância estratégica. Esse certame pode ser compreendido como uma pré-temporada alargada. Serve de base para preparação e posterior ingresso das equipes nas competições maiores. Quem faz um bom "estadual" está com meio caminho andado.

Dificuldades

É inegável a série de dificuldades de Quixadá, São Benedito, Itapipoca e Maranguape que, em seus municípios, nem estádio liberado tiveram para jogar. É o amor de uns poucos contra a indiferença da maioria para com um esporte tão apaixonante. Para segurar os futuros certames estaduais será necessário fortalecer muito os times do interior.

Recordando

Jogadores que se destacaram em diferentes épocas no futebol cearense. A partir da esquerda: o ex-goleiro Val Tavares (atuou pelo Quixadá e Icasa), lateral-direito Dema, também chamado de Cavalo de Aço (brilhou no Fortaleza, no Ceará e encerrou sua careira no Quixadá) e Pacoti (ele foi o maior ídolo da história do Ferroviário e também brilhou no Vasco/RJ, Sport/PE e Sporting de Lisboa).

Acolhida

O bonito e aconchegante município Itapajé, que já teve time na primeira divisão cearense, amanhã abrirá os portões do Estádio Vieirão para receber Itapipoca e Guarany/S. Assim como os iguatuenses, o povo de Itapajé é também simpático e acolhedor. Interessante: sempre que cito Itapajé, logo me vem à memória o saudoso Itamar Monteiro.

"Emigrantes"

Quixadá e São Benedito, que fazem um jogo amanhã no Estádio Agernorzão em Iguatu, assumem o papel de times emigrantes. Como as andorinhas, que emigram, lá vão eles em busca de melhores condições em outras terras. Pelo esforço desses "sem teto" do futebol, as palavras de elogio. E o agradecimento aos iguatuenses pela acolhida.

Abacaxis

O presidente do Fortaleza, Jorge Mota, sabia que teria muito trabalho para montar o time. Jamais imaginou, porém, dois tão inesperados abacaxis: a saída de Chamusca em plena passagem de ano (31 de dezembro) e a dívida de R$ 1,8 milhão para pagar. Mas revelou postura firme porque em nenhum momento se apavorou. Cuida de buscar soluções.

Pesquisa. Concluo hoje a lista do pesquisador Eugênio Fonseca sobre os árbitros que atuaram no futebol cearense na década de 1920: Artur Salgado, Miguel Picanço, Luiz Viana, Osmundo Bessa, Francisco Gomes, Cincinato Figueiredo, Gilberto Costa, Arnaldo Albuquerque, Valter Olsen, Humberto Ribeiro, Juvenal Pompeu, Jacinto Gomes, Crisanto Machado, Tuffy Romcy, Raimundo da Cunha Rola (Rolinha), João Gilberto, Hildebrando Maia, Moacyr Machado e Antonio Justa.