Não lembro de um clássico maior ter acontecido na data de aniversário de um dos dois rivais. Pode ter havido, mas minha memória não guardou. Hoje, 107 anos do Ceará. Longe desse foco, concentração total no desafio em campo. A produção de ambos está no mesmo patamar. Se o Fortaleza festeja Pikachu, herói em Minas, o Ceará festeja Jorginho, destaque no Castelão. Quando enfrentou o Fortaleza e perdeu o título estadual, o Ceará tinha dupla preocupação: encarar o tricolor e, ao mesmo tempo, guardar munição para Cochabamba. Hoje, os dois só enxergam a Copa do Brasil. Semelhantes preocupações e objetivos: pôr no cofre R$ 2.700.000,00. Concentração indivisível. O Fortaleza tem alcançado os primeiros êxitos com Vojvoda. Vai definindo suas linhas numa gradual e perceptível assimilação. No Ceará, o técnico Guto Ferreira deve estar pensando lá com os seus botões: o time reserva é o titular ou o titular é o reserva? Embaralha a cabeça de qualquer um. O gol de Rick, o reserva, foi lindo. A atuação de Jorginho, o reserva, foi show. O goleiro Vinícius Machado, reserva do reserva, fez uma defesa portentosa que lembrou o titular. O aniversário é do Ceará. Quem fará a festa?
Simplificação
Se Vojvoda for teimoso, começará com a mesma formação que iniciou o jogo em Minas Gerais, ou seja, com Daniel Guedes e Lucas Crispim adiantados no 3-5-2. Se não for teimoso, verificará que a entrada de Pikachu no lugar de Guedes mudou a história do jogo. Incompreensível deixar Bruno Melo no banco até 42 minutos do segundo tempo.
Adivinhação
Duvido que alguém antecipe com 80% de acerto a possível escalação do Ceará. Guto Ferreira tem surpreendido nos jogos mais recentes. De repente, manda a campo um time que sai do trivial. Foi assim que aconteceu diante do Grêmio. Foi assim que aconteceu em La Paz. Prefiro esperar. É mais cômodo e seguro para quem não lida com adivinhação.
História
Ceará, 107 anos. A primeira vez que vi o Ceará jogar foi no final de 1956. Nunca esqueci o Ivan Roriz, com o uniforme todo preto, número um branco nas costas. Ivan foi titular durante muitos anos. É impossível resumir em dois tópicos uma história centenária e vitoriosa como a do Vozão. Meus sinceros parabéns a todos os alvinegros.
Na saudade de Elias Bachá, estendo os cumprimentos a todos os dirigentes que, de uma forma ou de outra, edificaram este patrimônio do futebol cearense. E na saudade de Gildo Fernandes de Oliveira, maior ídolo do alvinegro em todos os tempos, cumprimento todos os jogadores que tiveram a honra de vestir a camisa do glorioso de Porangabuçu.