A caminhada do Fortaleza tem sido tortuosa. Para quem estava acostumado a situações confortáveis, a atual experiência tem provocado calafrios. O Leão superou o trauma de oito anos de Série C nacional, onde padeceu humilhações. Foram anos de penúria, sofrimento, descrença. Após essa passagem pelo purgatório, subiu aos céus da Série A. Desfrutou as delícias de feitos notáveis. Agora, porém, vê pavimentada a estrada de volta. Mas ainda há esperanças no Pici. É que os concorrentes também sofrem os mesmos medos provocados pelos mesmos fantasmas. Uma sala de horrores. Quando cito a palavra esperança, não o faço porque é a última que morre. Não é isso. Vejo que o ataque voltou a assinalar gols. Fez dois numa partida. No Beira-Rio, em momentos, equilibrou diante do Internacional, atual vice-líder, um ponto atrás do São Paulo. Há, pois, como pensar em resultados melhores. O técnico Enderson Moreira diz que precisa equilibrar os compartimentos. Mas já é um feito o ataque marcar dois gols numa partida. Tudo é possível. Há resultados surpreendentes na Série A. Exemplo recente: o Ceará ganhou do Flamengo no Maracanã; perdeu para o Bragantino no Castelão.
Em forma
Um dos destaques do Ceará diante do Bragantino foi o goleiro Richard. Fez três defesas monumentais, típicas de quem está novamente no melhor de sua condição. Parece que tem reflexos comandados por computador de última geração: rápidos e precisos. Esse é o Richard que conheço.
Segundo tempo
Mais uma vez ficou patente que o Ceará não consegue manter o ritmo nos dois tempos. Na fase final, o rendimento cai. Apesar das alterações para renovar energias, a produção deixa a desejar. Foi engolido pelo Flamengo no segundo tempo no Maracanã. Foi engolido pelo Braga no Castelão.
Diferença
No Maracanã, saiu festejado porque matou o jogo, justo quando o Flamengo fazia toda pressão. Pedro perdera três gols e Gabriel, um. Aqui, o Braga fez pressão. Obrigou Richard a fazer milagre. Como perdeu, os defeitos vieram à tona. Como ganhou no Maracanã, os defeitos foram ofuscados.
Apesar da insignificante margem que tem o Fortaleza, podendo descer para a zona maldita da Série A do Brasileiro caso o Bahia vença seu próximo jogo, fundamental será não entrar em desespero.
Se não colocar os nervos sob controle, dificilmente executará com exatidão o que for programado pelo técnico Enderson Moreira nos treinamentos. A força mental é que vai definir o destino tricolor.