O Fortaleza terá hoje, no Castelão, a difícil tarefa de devolver a diferença de quatro gols que pegou do Atlético em Belo Horizonte. Até mesmo os mais crentes e apaixonados já não entendem ser possível o Leão na final da Copa do Brasil 2021. Os sonhos praticamente se diluíram no Mineirão à medida em que o time de Hulk ia marcando seus gols. O vendaval das desilusões já se via no semblante dos atletas tricolores, abatidos e cabisbaixos após tamanho fracasso. Mas isso é um capítulo que terminou. Hoje, o capítulo final. Na história do futebol, por mais paradoxal que pareça, há muitos fatos concretos que comprovam ser o impossível possível. Mas isso fica no rol das grandes exceções. O normal mesmo, nas atuais circunstâncias que envolvem Fortaleza e Atlético, é o time de Minas Gerais se impor. Ainda assim, há quem fique à espera de um milagre. Prefiro não entender como “milagre” os registos de resultados “impossíveis”. Tenho convicção de que o divino não se mistura com o mundano nos campos de futebol. Acredito na proteção superior contra as contusões e também contra os fatos indesejáveis que às vezes acontecem. Quando a bola rola, tudo fica nas mãos dos terráqueos mesmo.
Em 2014, a Copa do Brasil apresentou um dos mais impossíveis resultados de sua história: a eliminação do Fluminense pelo América de Natal em pleno Maracanã. No jogo de ida em Natal, o Fluminense havia vencido por 3 a 0. Abriu enorme vantagem, até porque na época o gol marcado fora de casa valia dois, caso houvesse igualdade de pontos após as duas partidas.
No jogo de volta no Maracanã, o América fez 1 a 0, gol de Marcelinho. O Fluminense virou para 2 a 1 com gols de Fred e Cícero. Até aí o Fluminense tranquilo. Max empatou para o América (2 x 2). Alfredo fez América 3 a 2. O mesmo Alfredo fez América 4 a 2. Assim, a decisão ia para os pênaltis. Mas, aos 45’ do segundo tempo, Pimpão fez América 5 a 2 e eliminou o Fluminense.
O técnico autor dessa proeza foi o cearense Oliveira Canindé, que comandava o América. A classificação do América aconteceu pelo “peso dois” dos gols fora. O Fluminense marcou 3 a 0 em Natal (seis gols, portanto). Com mais dois do Fluminense no Maracanã, total de oito gols. O América fez cinco gols no Maracanã. Com o “peso dois”, total de dez. Placar final: América 10 x 8 Fluminense.
Hoje não há mais o “peso dois” na Copa do Brasil. Vale só o saldo de gols. O Atlético abriu uma vantagem muito grande. Pode o Fortaleza alcançar a classificação? Pode, mas é muito difícil. “Milagre” como o do América-RN no Maracanã é a exceção das exceções. Devolver a diferença de quatro gols diante de um time superior como o Atlético-MG só mesmo por obra do sobrenatural.