Já no segundo tempo, o placar no Engenhão mostrava Botafogo 1 x 1 Ceará. O Vozão controlava o meio de campo. Vina, com a lucidez de sempre, fazia as ligações na transição e criava embaraços para a defesa do Botafogo. Domínio do Ceará. Era só esperar o bote. Aí Zé Roberto fez um lançamento primoroso, do tipo que o atacante espera a partida inteira. Deixou um companheiro seu na grande área, livre de marcação, no ponto ideal para assinalar o gol e sair para o abraço. Pena que o lançamento certo caiu nos pés errados. No lugar de um goleador nato, o contemplado com a chance foi Fernando Sobral. Mas o azar começou bem antes. Clebão contundiu-se dois minutos depois de ter entrado, no início da fase final. Se o Clebão ainda estivesse em campo, a bola seria para ele. Certamente a virada teria acontecido. Digo isso com base no gol que o Clebão marcou na vitória (3 x 1) do Ceará sobre o Corinthians. Vina enfiou uma bola bem semelhante à que Zé Roberto enviou ao Fernando Sobral. A enfiada de Vina foi para o Clebão, que mandou uma bomba e matou o jogo diante do Corinthians. A bola do Zé Roberto foi certa, mas caiu nos pés errados. Nem lembro mais quando foi o último gol de Fernando pelo Ceará.
Na reta final, Vina mandou outra bola na medida, agora para Mendoza. Bola em velocidade, do jeito que Mendoza gosta. Mas Mendoza desperdiçou a boa oportunidade. É bom frisar que Mendoza não estava livre como Fernando Sobral estava. Um zagueiro acompanhou Mendoza e isso dificultou a conclusão do atacante do Ceará.
Já na quarta-feira o Ceará recebe o São Paulo. Se o Vozão jogar como o fez no segundo tempo do empate com o Botafogo, serão boas as possibilidades de tirar a diferença favorável ao São Paulo. Se bem que o modelo mata-mata é muito diferente de uma competição por pontos corridos. É decisão. Desgasta mais. E exige mais precisão. Um erro pode ser fatal.
Quem não teve a oportunidade de assistir à palestra do eterno ídolo do Flamengo, Zico, no Shopping RioMar Fortaleza, perdeu uma aula de competência e humildade, classe e simplicidade, dada pelo notável ex-jogador do futebol brasileiro. Antero Neto e eu fizemos a apresentação. Um momento especial, de grandeza interior, revelado por quem até hoje mantém a majestade.
A palestra fez parte de uma programação relativa ao Dia dos Pais. Fiquei emocionado quando Zico falou sobre seu pai e sobre a sua família. Seus olhos brilharam. Falou com o coração. Aí eu lembrei de outro ídolo brasileiro, não do futebol, mas da música: Roberto Carlos. A canção sobre a figura do pai, intitulada “Meu querido, meu velho, meu amigo”, vai ao fundo da alma. Que exemplos.