O Campeonato Brasileiro é uma competição de resistência e regularidade. Quem melhor resiste as oscilações dentro da Série A, 'dribla' o desgaste físico e psicológico que é exigido, além de buscar o mínimo de estabilidade nos resultados, alcança ou recalcula os objetivos dentro da competição.
Em 35 jogos, o Ceará viveu o meio de tabela e a manutenção dela, chegou próximo da zona de rebaixamento e agora, no 'sprint' final de competição, alça objetivos maiores na Série A, uma Taça Libertadores da América. No meio da competição, houve troca de comando, a saída da continuidade de trabalho com Guto Ferreira e a chegada de Tiago Nunes que teve uma trajetória contestada e alguns riscos não calculados pelo treinador para encontrar um padrão ideal que fez o Ceará ganha 'oxigênio' nas rodadas finais.
No próximo dia 30 de novembro, Tiago Nunes completará três meses a frente do Ceará e ele já tem 17 jogos pelo clube, com 49% de aproveitamento. Neste período, ele atravessou duas fases: a primeira, de conhecimento do elenco, busca por padrão, foi onde os resultados se alternaram e ele conquistou apenas 30% da pontuação. No segundo, são quase 80% de aproveitamento.
A mudança é muito clara: ele encontrou o melhor padrão de equipe, encontrou equilíbrio entre os setores e o mais importante: individualmente, alguns atletas voltaram a crescer com treinador.
Oscilação e 'flerte' com a zona de rebaixamento
A decisão pela troca de comando é natural dentro de um processo no futebol. O desempenho do time nas mãos do Guto Ferreira não tinha conseguido recuperar o desempenho e isso envolve vários aspectos. Na circunstância, o Ceará teria 15 dias para trabalhar, então foi visto como oportunidade para trocar e mudar os conceitos da equipe. Arriscado? Muito! Mas na confiança que o tempo poderia entregar um novo caminho de desempenho.
Porém, Tiago ganhou mais tempo que imaginava, com impasse do retorno do público aos estádios, a partida diante do Bahia foi adiada. Muitas formações diferentes, inclusive alterando esquema tático do time durante a derrota para o Atlético Mineiro. Utilizou três volantes contra Juventude. Airton e Yony González voltaram a ganhar minutos com treinador.
Foram dez jogos buscando essas novas alternativas dentro do elenco, apenas 30% de aproveitamento. Uma vitória conquistada, três derrotas, seis empates e muitos questionamentos sobre um trabalho que trazia sinais de evolução, mas as constantes mudanças, o risco assumido pelo Tiago Nunes atrasavam o crescimento no desempenho.
Eficiência ofensiva e Vina decisivo
Diante do empate contra o Bahia, Tiago já apresentava equilíbrio no Ceará, mas ainda faltava evoluir no quesito ofensivo. Os dois jogos em casa diante de Fluminense e Cuiabá eram fundamentais para estabelecer os objetivos na Série A e aumentar a curva de evolução do time.
Não apenas as vitórias aparecerem, mas o alvinegro já apresentava uma base de time, evolução tática e equilíbrio entre os setores. Se antes o aproveitamento eram de apenas 30%, nos últimos sete jogos, esse percentual subiu para 76%. Venceu todos os jogos feitos na Arena Castelão e contando com o poder decisivo de Vina.
Tiago encontrou o padrão coletivo na reta final e decisiva de Série A, mais que isso, Vina voltou a ser decisivo, foram seis gols e uma assistência. E quando o time encontra um padrão de jogo, base de equipe, o coletivo exalta ainda mais a capacidade técnica e individual da referência da equipe.
A verdade é que o trabalho do Tiago se dividiu em duas fases, o processo para evoluir, onde é natural os erros acontecerem, os resultados e desempenho também não aparecerem. O treinador alvinegro correu riscos, mas acreditou que a sequência seria fundamental para o time voltar a entregar desempenho e se antes, a briga era para se garantir na Série A, segundo o próprio treinador, hoje, o Ceará elevou o nível competitivo e briga, sim, por uma vaga na Libertadores em 2022.