Chega de saudade

Neste domingo, uma declaração de amor ao Rio de Janeiro

Ainda bem que posso matar esta saudade que estava do Rio de Janeiro, com mais segurança e vacinada (mas tomando todos os cuidados que ainda precisamos manter).

Tem gente que não entende essa minha paixão transloucada por essa cidade.

Só pode ser coisa de vidas passadas. Sinto essa confirmação muito forte dentro de mim. Minha alma canta. Porém, outro dia, fiz uma regressão e fui surpreendida com a afirmação de que já vivi na França e em outros lugares, mas nunca no “Errejota”.

Na hora, pensei: “não é possível!”

Sabe quando você caminha pelos lugares mais antigos de uma cidade e parece que você já esteve ali? Eu vejo fotos do passado e consigo reportar-me à época. Aliás, às várias épocas. É como se sempre eu reconhecesse o Rio de Janeiro, em momentos diferentes de sua história. Meio doido isso.

O fato é que gosto tanto da cidade e observo muito as situações e os hábitos de lá.

Adoro sentar-me numa confeitaria chamada Rio-Lisboa, no Leblon, e ver o movimento de chegadas e saídas. Pessoas de diversos níveis sociais, histórias inacreditáveis, situações bizarras, todas trocando ideias, sem as frescuras daqueles cafés mais sofisticados (e maravilhosos) da Zona Sul.

Puxo meu caderninho de anotações e poderia, dali, escrever uma novela.

Por falar nisso, perder-se pelo Leblon é encontrar-se nas novelas do Manoel Carlos.

A praia é o lugar mais democrático do Rio: tanto as comunidades dos morros como a mais alta elite carioca descem para dividir o mesmo metro quadrado de areia.

As calçadas estão sempre ocupadas de gente passando, para lá e para cá; boa música tocando; uns tomando suco, outros um chopp; alguns no supermercado; vitrines atraindo olhares; tem aqueles que estão indo malhar e sempre tem gente indo ali dar um mergulho!

Todo carioca tem que dar um mergulho antes de começar a fazer qualquer coisa na vida.

Gosto, também, é de caminhar do Leblon a Copacabana. Paro no meio do caminho para dar um beijo no Jorge e na Nana, que vendem uns artesanatos lindos no calçadão do Arpoador. Em Copacabana, encontro a Ana e o Paulinho, meus tios, damos um pulinho num pé-sujo bom que só, chamado Bar do Carangueijo. Ali, como um pastel com camarão, pingando óleo e, depois, pego o metrô e volto para o meu apartamento no Leblon - que é a coisa mais charmosa desse mundo.

E, todo dia, vou fazendo coisas diferentes. Porque, no Rio, sempre tem coisa para ser feita e lugares para se ir, nem que seja de novo, e de novo e de novo. Se for contar aqui, é melhor escrever um livro!

Tem gente que diz assim pra mim: “Por que você não vai morar no Rio então, para ver como é a vida por lá?”.

Quanto desaforo, né?

Eu não quero morar no Rio.

Eu gosto de morar em Fortaleza. Amo a minha cidade.

O Rio é o Rio. Amar um lugar não impede que eu ame o outro. No Rio, sinto mais a cidade, porque posso fazer parte dela, ocupar, fisicamente, os espaços. É lá que me energizo e sinto a minha liberdade. Sinto a bossa. Sinto algo diferente que não consigo explicar. SorRio.

Nesse domingo, desejo a você que SorRia também!

Domingemos, amém!