Meus pais sempre me ensinaram a correr atrás dos meus sonhos sem nunca deixar de estudar. Filho de lavadeira e mestre de obras, para a Dona Rita e Seu Zé Granduá, a valorização da educação era a maior herança que eles poderiam me deixar.
Eu cheguei em Fortaleza, no início da década de 90, muito focado na ideia de ser médico ou advogado. Cresci com esse ideal de que essas eram as profissões certas para ganhar dinheiro e orgulhar a família. Como já contei algumas vezes, no meio desse percurso me deparei com o teatro, com as artes de uma forma geral, e mudei meu foco, tracei um novo futuro nos meus planos.
A única coisa que não mudou foi a certeza de que, independentemente de qualquer coisa, era preciso estudo. Ao contrário do que muitos imaginavam - inclusive eu - para ser ator também se estuda, se dedica, se lê, se pesquisa. Eu precisei passar por vários cursos básicos, cursos técnicos e uma graduação em Artes Cênicas, por exemplo.
E não parou por aí! Todas as vezes que inicio um processo criativo, sou obrigado a buscar novos conhecimentos, leituras e referências, afinal, para ser um profissional de qualidade, eu tenho o dever de me aprimorar. Ser artista é ser responsável por gerar informações, questionamentos, provocações, causar impacto e mudanças na sociedade.
Atualmente, tenho percebido que o lugar do artista tem sido cada vez mais confundido com o lugar do influenciador. Entendo que isso acontece por dois motivos: em primeiro lugar, porque muitos influenciadores utilizam de artifícios artísticos em seus conteúdos no intuito de gerar engajamento e atrair o espectador. Em segundo lugar, porque o público insiste em confundir “ser artista” com “ser famoso”.
Em algum momento lá atrás desta coluna, já falei que ser influenciador não é ser artista e isso não quer dizer que não existam artistas influenciadores, mas que ser uma figura com grandes números nas redes sociais não é fator decisivo na construção de um artista.
Artista tem como princípio uma responsabilidade diferente sobre o público. Há um comprometimento com a arte e não com o like, com público e não com algoritmo. Por trás dessa missão, não há outra coisa senão o estudo e quando digo “estudo”, falo de caminhar permanentemente pela busca do desconhecido.
Sabe aquele sentimento que faz um artista ficar nervoso antes de entrar em cena, antes da estreia de um filme, na abertura de uma exposição ou antes do lançamento de uma música? É o nervosismo por saber como sua pesquisa, seu trabalho, seu estudo, sua dedicação serão recebidos pelo público.
Não há arte sem educação.
Para ficar ainda mais claro, não faço desta coluna um ataque aos bons influenciadores. Essa também é uma profissão que exige, sim, dedicação e aprimoramento constante também, mas que aprendamos a reconhecer o lugar de cada um e a separar o que move cada um.
*O texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor