BBB21: Do vigor da sexualidade e da religião

Estamos nos aproximando da reta final do BBB21, aquele que prometia ser o “Big dos Bigs”. O último programa vai ao ar na próxima terça-feira (4), e muita gente já arrisca dizer que o jogo está ganho, que tudo já foi feito e que agora é só esperar. Será? Será que essa edição, no curto tempo que lhe falta, ainda pode nos render reviravoltas, brigas, novas alianças e, em especial, novas discussões sociais?

Dentre os últimos acontecimentos, um, em especial, me chamou bastante atenção. O pernambucano Gilberto Nogueira, em meio a uma festa, ficou pensativo e, ao ser questionado por Camilla de Lucas, nosso querido Gil do Vigor confessou sua grande preocupação sobre como será sua vida fora da casa mais vigiada do Brasil.

Entretanto, o que apavora Gil não é o cancelamento digital, a recepção do público com sua trajetória no jogo ou a opinião da mãe, a quem tanto venera. Gil chorou em rede nacional ao se deparar com a possível rejeição dentro de sua religião por ter se declarado assumidamente homossexual. Relembrou de todos os bons momentos que viveu e que, provavelmente, não poderá mais viver dentro da Igreja.

Diante deste fato, me vem na mente algumas questões: Para que serve a religião? Religião não seria um lugar para religar o humano ao espiritual? Não seria ela um instrumento capaz de dar sentido à vida? Algo capaz de unir a humanidade e construir um mundo mais cheio de amor? 

Em que momento as regras sobre amar, ser autêntico, honesto, amigo, família podem condenar uma pessoa à desgraça de espírito apenas pelo desejo de ser feliz?

Essa coluna não vem questionar a existência de uma possível “sexualidade correta” ou qual é a religião mais certa. Escrevo aqui para nos questionarmos sobre julgamentos. A Igreja, e aqui não quero falar sobre determinada crença, mas abarcar as instituições religiosas, é um dos pilares na vida de uma pessoa e um dos ambientes mais temidos por quem é LGBTQIA+. 

Só quem é assim, sabe que escola, família e ela, a Igreja, são os primeiros lugares excludentes, discriminatórios e culpabilizadores, infelizmente.

Se é doloroso ter o direito à casa e à família negado, se é doloroso ter o direito de frequentar a escola em paz negado, se é negado o direito de andar livremente nas ruas como qualquer cidadão ou amar quem se quer amar, imaginem o quão forte e o quão pungente é ter o seu direito de exercer a sua relação com o divino boicotado, negado ou cortado. Quando se é excluído de tudo, independente da sua sexualidade, ter fé é a única coisa que nos mantém em pé.

Aprendi, dentro da minha religião, que ninguém pode mais do que Deus, porque Ela é a força inabalável dos ventos, o balanço em maestria das ondas, a firmeza das rochas, a ação solidária que se realiza a quem precisa. Se Ela está acima de tudo é porque ela é toda amor, toda luz, toda graça e toda benevolência. A energia divina em que acredito nada tem de perversa, violenta ou cruel. Não julga, não oprime e não exclui. Pelo contrário, acolhe. E ama. Incondicionalmente.

Quando a Bíblia diz que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não quer dizer que ele seja tão miseravelmente humano como nós. É um chamado para que busquemos dentro de cada um nós todo amor, toda luz, toda graça e toda benevolência.

Que possamos amar sem julgar a quem e aceitar sem questionar o bem.

Amém!

Axé!

Saravá!

Que assim seja!

*Esse artigo expressa, exclusivamente, a opinião do autor.