Artista, qual o seu lado na política?

Afinal, um artista precisa manifestar suas opiniões políticas?

Sempre que me posiciono politicamente, recebo uma enxurrada de ataques na internet. Não entendo muito bem como funciona o pensamento coletivo desses grupos, mas parece ser ofensivo um artista se posicionar a favor de uma ideologia política ou um plano de governo que considere pautas de cunho mais social.

Não é novidade alguma o envolvimento de artistas em manifestações políticas. Isso não tem necessariamente a ver com escolhas partidárias, mas com a formação artística.

O que move o processo criativo, na grande maioria dos casos, são por essência declarações, críticas, denúncias e outras manifestações de comportamento político, basta analisarmos pinturas, filmes, músicas, espetáculos de teatro que descrevem e refletem sobre um determinado período ao longo da História.

Expressar-se politicamente nada mais é do que estar atento ao seu tempo e ao seu espaço, a construção de costumes, a reformulação de saberes, as tentativas de regimentar a humanidade.

Pautas como respeito e liberdade são comuns em qualquer uma das esferas. Com toda certeza compartilho desses valores com artistas declaradamente de direita, mas, então, qual será a nossa diferença? Qual será o motivo de tantos ataques?

Talvez a resposta esteja no que é inegociável para mim. Um voto nunca é individual. A coletividade sempre vem em primeiro lugar.

Como artista, é meu dever colocar a minha sensibilidade em jogo, observar a humanidade e devolver, em forma de obra de arte ou em meus posicionamentos, o meu ponto de vista, para que isso seja capaz de atingir o coletivo, provocar catarse, acessar o cognitivo e gerar maior consciência das ações da sociedade.

É inerente à arte a função de abrir a mente, ampliar o conhecimento e provocar mudanças. Nosso papel vai muito além do entretenimento.

Há compromisso com a vida, com a igualdade, com o respeito à diversidade, com o sonho de uma sociedade verdadeiramente mais humana. Um artista que não segue esse pensamento, provavelmente, é um traidor do seu próprio ofício.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor