Os economistas do Itaú revisaram recentemente o PIB de 2023 de 1,4% para 2,3%, diante do crescimento acima do esperado no 1T23 e da expectativa de que, a despeito dos efeitos do aperto monetário, o consumo vai se manter sustentado pela renda nos próximos trimestres. Para 2024, também revisaram o PIB de 1,0% para 1,5%. O consenso entre os analistas do mercado tem se deslocado na mesma direção.
Considerando o lado da oferta, o crescimento deve ser liderado, em 2023 pela expansão do PIB agropecuário, 12,1%, com expansões bem mais modestas nos setores de serviços, 1,8% e na indústria, 0,3%. No que se refere a 2024, por ora, a expectativa é que o crescimento siga sendo puxado pelo Agro, 2,5%, mas com uma distância menor em relação aos outros setores, 1,7% nos serviços e 1,3% na indústria.
Já pelo lado da demanda, o crescimento em 2023 deve ser liderado pelas exportações (4,0%) e, mais importante, dado o peso no PIB, pelo consumo das famílias (2,1%). O consumo do governo deve crescer 1,6%, ao passo que o investimento, afetado pela política monetária e incerteza, deve ficar estável.
Para o ano que vem, espera-se um comportamento um tanto menos heterogêneo dos componentes da demanda doméstica, com crescimento de 1,6% do consumo das famílias, 1,4% do consumo do governo e 0,5% do investimento. As exportações devem ter crescimento mais lento, 1,4%, e alta de 1,0% nas importações.
Revisão positiva das perspectivas do PIB implica um fortalecimento relativo do mercado de trabalho. Logo, dada a resiliência do mercado de trabalho, a visão do Itaú é que a taxa de desemprego, atualmente em 8,1%, abaixo da média histórica da série (10,5%), deve seguir nesse patamar ao longo de 2023 e 2024.
Inflação
Também sob o ponto de vista da inflação, as revisões foram positivas. A projeção de inflação do Itaú em 2023 foi reduzida de 5,8% para 5,3%, incorporando preços de produtos comercializáveis (agrícolas e industriais) mais baixos e corte de 5% nos preços da gasolina na refinaria.
Para 2024, a projeção foi aparada para 4,4%, de 4,5% com inércia menor, algum grau de reancoragem nas expectativas longas, mas com pressão de hiato apertado, com impacto particularmente relevante para os preços dos serviços.
E o que ocorrerá com o Nordeste? Dadas características estruturais, a economia nordestina tende a ser mais sensível à política fiscal, em especial transferências de renda, e menos impactada, em termos relativos, pela política monetária e o crédito do que a média nacional.
Dessa forma, é plausível que o PIB do Nordeste, impulsionado pela política fiscal e com um freio menos relevante por parte da política monetária do que o Sul-Sudeste, tenha desemprenho acima da economia nacional como um todo. Em sumo, as revisões pintam um quadro mais favorável para o Brasil, e ainda mais favorável para o Nordeste.