O arrendamento do Terminal Marítimo de Passageiros tem potencial de incrementar as próximas temporadas de cruzeiros marítimos em Fortaleza. A avaliação é ancorada na experiência que o grupo brasileiro ABA Infra, que arrematou o equipamento em leilão e o administrará pelos próximos 25 anos, possui no ramo. “O grupo tem contatos e contratos com operadores e armadores”, disse o presidente da Companhia Docas do Ceará, Lúcio Gomes.
Questionado sobre o arrendamento ter o potencial de alavancar o número de navios de cruzeiros e de passageiros no terminal cearense, o presidente da CDC respondeu “com certeza”, mas pondera que “é preciso ter os pés no chão”. “Não vai virar o maior destino do mundo do dia para a noite”.
“Esses navios grandes vêm de Buenos Aires, na Argentina, vem do Sul, e param no Rio de Janeiro, Santos. Para vir para Fortaleza, é preciso que tenhamos atrativos, é necessário todo um esforço conjunto”, destaca Lúcio Gomes.
Ele exalta as belezas naturais do Estado, reforçando que, nesse quesito, os navios “têm motivos para passar aqui”. “Mas o que me preocupa, por exemplo, é o acesso para lá [Avenida Vicente de Castro]: é estreito, empoeirado, sem pavimentação, iluminação. É algo para pensarmos com Prefeitura, Estado e em esfera federal, para melhorar aquele acesso”, detalha o presidente da CDC.
Sobre o acesso, a Prefeitura de Fortaleza informou que foram entregues "em outubro de 2020 as obras de urbanização e requalificação da Avenida Vicente de Castro, no bairro Cais do Porto".
"As obras consistiram na reconstrução do pavimento, utilizando piso intertravado de alta resistência, tendo em vista o fluxo de caminhões que circulam na região. Além disso, o projeto realizou, ainda, a implantação de um sistema de drenagem na via, novas calçadas, paisagismo e ciclovia. Ao todo, foram investidos R$ 9 milhões", diz a nota.
A Prefeitura disse ainda que "as ruas de acesso interno ao Terminal Marítimo são da jurisdição da Companhia Docas".
Apesar de reconhecer que o terminal cearense possui algumas deteriorações, ele destaca que “a estrutura é belíssima”. “Tem saguão, conforto para espera, todas as instalações de alfândega sanitária, duas escadas rolantes e uma área enorme para lojas e outros apoios. Um terraço belíssimo, uma vista do pôr do sol. Se for bem trabalhada por quem é do ramo (tem muito potencial). Não é o ramo da Companhia Docas”, diz Lúcio Gomes.
Investimento em infraestrutura
O CEO da JM Negócios Internacionais e especialista em logística marítima, Augusto Fernandes, também avalia que a nova administração do terminal pode viabilizar um incremento no número de cruzeiros. “O poder público ao fazer esse arrendamento visa os investimentos”. Ele destaca que, para que o terminal se saia bem nas próximas temporadas de cruzeiros, atraindo navios e turistas, é preciso investimento.
“É necessário investir para criar rotas, viabilizar estratégias de paradas e garantir aos armadores infraestrutura”, diz Fernandes. Ele exemplifica que Santos, em São Paulo, sai na frente por ter aeroportos como Guarulhos. “Tem voo de Guarulhos para o mundo inteiro, então é comum entrar na rota dos cruzeiros”.
Além disso, com o arrendamento - e sem a despesa de R$ 400 mil a R$ 600 mil mensais para a CDC com a manutenção do Terminal Marítimo de Passageiros (limpeza, iluminação, segurança e etc.), Fernandes acredita em uma “grande otimização de custos”, podendo assim esse valor ser redirecionado para outros investimentos do Porto do Mucuripe.
Temporada de cruzeiros
Construído à época da preparação do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014, mas inaugurado em janeiro de 2015, o Terminal Marítimo de Passageiros recebeu aproximadamente 25 mil pessoas na última temporada de cruzeiros, de outubro de 2022 a abril de 2023. Foram dez cruzeiros internacionais para destinos na Europa e América do Norte.
O equipamento foi arrendado por uma outorga de R$ 100 mil em leilão do Governo Federal por meio do Ministério de Portos e Aeroportos e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), nessa sexta-feira (11). A ABA Infra, que arrematou o terminal, deverá pagar um aluguel de cerca de R$ 60 mil mensalmente.