O novo episódio de desavenças internas no PDT do Ceará gerou uma conclusão óbvia: aquele partido hegemônico, com as maiores bancadas eleitas e o maior número de prefeitos, não existe mais. O bate-boca áspero, as trocas de acusação e o empurra-empurra é a evidência que ali há adversários políticos, não mais correligionários.
É uma questão de tempo: ou sai um grupo, ou sai outro. A ruptura, porém, deve ter mais consequências para o PDT nacional, o partido de Leonel Brizola. A única capital brasileira governada pela sigla é Fortaleza. Dos 18 deputados federais da legenda, 5 foram eleitos no Ceará. Em resumo, o estado é o maior reduto do PDT no País.
A cisão entre ex-aliados, que estão divididos entre um grupo mais ligado a Cid Gomes e Evandro Leitão e o outro sob influência do ex-prefeito Roberto Cláudio, do presidente nacional André Figueiredo e de Ciro Gomes, vai causar uma debandada capaz de redimensionar o tamanho do partido em nível nacional.
Especula-se que três ou quatro deputados federais possam deixar a legenda, além de até 10 deputados estaduais no Ceará. Cid Gomes, se resolver deixar a sigla, significa um senador a menos do partido. Menos deputados federais e menos senadores significa menor influência e menor poder de barganha no Congresso Nacional. Assim, está claro o impacto nacional da ruptura no Ceará.
Prefeitos deixarão a legenda
O número de prefeitos deve despencar, desidratando a legenda para a eleição do próximo ano.
Muitos gestores, após os últimos acontecimentos, conversam a todo momento com líderes do grupo governista e auxiliares do governador Elmano de Freitas (PT) em busca de abrigo no amplo arco de aliança do governador.
Se, atualmente, tem cerca de 57 prefeitos, o partido poderá perder mais da metade deste número, um baque na sua ainda forte base de lideranças no Interior do Estado.