No desenho inicial do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), coube ao Ceará o comando do Ministério da Educação e a liderança do governo na Câmara dos Deputados. As duas posições, evidentemente, podem ser consideradas estratégicas para a nova gestão, mas um fato chama atenção: pelo menos na primeira leva, apenas o PT foi contemplado no Estado e isso tem implicações locais.
O principal posto será ocupado pelo senador eleito Camilo Santana (PT). Após especulações e citações ao nome da governadora Izolda Cela (sem partido), a decisão de Lula foi pelo ex-governador, em uma negociação que envolveu o PT em nível nacional.
No Ministério da Educação, Camilo já indicou os dois principais postos e ambos virão também para o Ceará. Izolda Cela será a secretária-executiva e Fernanda Pacobahyba assume para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), estratégico para liberação de recursos da área em todo o País.
A liberdade de indicar esses postos sinaliza autonomia do novo ministro em montar um time mais próximo dele e reforça o respaldo ao modelo de educação pública implantado no Ceará.
O outro posto, fora da esplanada, mas igualmente estratégico é a liderança do novo governo na Câmara dos Deputados. A função caberá ao cearense José Guimarães, um petista histórico, vice-presidente nacional do partido e figura muito próxima de Lula há décadas.
O papel de articulação na Casa, que tem 513 deputados, levará Guimarães para o Centro das decisões políticas do governo, muitas das quais passarão também pelo Congresso Nacional.
Outros partidos
Camilo e Guimarães, únicos cearenses contemplados no primeiro escalão, são do PT. Outras lideranças do Estado como Eunício Oliveira (MDB) e os irmãos Ferreira Gomes (PDT), que já integraram gestões petistas em outros momentos, ficaram de fora dos postos principais da nova gestão.
Este fortalecimento dos líderes petistas locais no governo da União, naturalmente, sinalizam para um horizonte de ainda mais prestígio do PT para discutir o comando dos principais municípios do Ceará na Eleição de 2024.
Elmano de Freitas estará no governo do Estado, Camilo no Ministério e José Guimarães em um posto de respaldo junto ao presidente da República. O governador eleito e o futuro ministro têm defendido publicamente uma postura de diálogo com os aliados.
É preciso observar para saber como serão as tratativas para formatação dos acordos para 2024, principalmente em Fortaleza.