Estado monta operação para comprar vacina direto, mas ainda não tem garantia

Os contatos para compra de 3 milhões de doses da Coronavac envolvem relações políticas, médicas, institucionais e internacionais

O Estado do Ceará montou uma operação para tentar adquirir 3 milhões de doses da vacina Coronavac da chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, do Estado de São Paulo. Para isso, as autoridades vêm fazendo intensa negociação, mas ainda sem a garantia de que seja possível a compra direta, fora do Plano Nacional de Imunização. 

A atuação vem ocorrendo no campo político, na relação médico e institucional e até de relações internacionais. A compreensão atual, entretanto, é de que está difícil concluir a negociação.
    

No início da tarde desta quarta-feira (14), o governador Camilo Santana publicou, em suas redes sociais, a tentativa do Estado de comprar doses independentemente do quantitativo enviado pelo Ministério da Saúde.

Na nota, Camilo afirma ter conversado com o governador de São Paulo João Dória a respeito das tratativas com o Instituto Butantã sobre as negociações. 

Na última segunda-feira (12), o secretário de Saúde do Estado, Dr. Cabeto Martins Rodrigues, esteve reunido com o presidente do Instituto Butantan, Dr. Dimas Covas, para reforçar a intenção de compra do Estado, que foi formalizada ainda no ano passado. 

Na reunião, o secretário de Saúde do Estado apresentou, inclusive, um estudo científico realizado no Ceará que ajudaria a atestar a efetividade da Coronavac. Após a tratativa, o Estado ainda aguarda uma posição do Instituto. 

Articulação internacional

Em paralelo, o assessor especial de Relações Internacionais do Estado, César Ribeiro, está na China, desde maio, tratando da possibilidade de trazer vacinas ao Ceará, incluindo em contato com a Sinovac, parceira do Butantan. 

Esta coluna apurou que há um aval para venda por parte dos chineses, mas o laboratório tem um contrato de exclusividade com o Butantan. Este, por sua vez, tem um contrato com o Ministério da Saúde, para a disponibilização prioritária de 100 milhões de doses, o que está travando os entendimentos diretos com outros estados, exceção de São Paulo. 

Por sinal, o Estado de São Paulo, fazendo valer decisão do STF, começou a receber doses da Coronavac direto da China, um quantitativo inicial de 2 milhões de doses, o que poderá turbinar a vacinação do Estado paulista, reduzindo os prazos de vacinação de sua população.

O governador paulista admite venda direta para os demais estados, mas ainda não há garantia, por enquanto.