Dois anos depois: o que o Brasil aprendeu (ou ainda precisa aprender) com o 8 de janeiro

Mais do que lembrar para punir, é necessário lembrar para educar as futuras gerações sobre o respeito à soberania popular

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(Atualizado às 11:00)

Dois anos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, a memória do episódio segue como um alerta sobre os riscos que ameaçam a democracia quando o respeito ao voto popular é colocado em xeque. A invasão e depredação das sedes dos Três Poderes não foram meras manifestações de insatisfação política, mas tentativas de subverter o resultado legítimo das urnas e fragilizar as instituições brasileiras. É imprescindível que o episódio seja recordado não como uma disputa entre correntes políticas antagônicas, mas como uma ameaça à soberania nacional e ao Estado de Direito. 

A democracia, alicerce fundamental do Brasil, se sustenta sob a vontade expressa pelo povo em processos eleitorais livres, conduzidos por um sistema que tem resistido com credibilidade a sucessivos testes ao longo das décadas, promovendo inclusive alternância de poder. Questionar, sem provas, a integridade desse processo e recorrer à violência para contestá-lo ataca diretamente os princípios que garantem a estabilidade institucional do país. Independentemente de preferências ideológicas, a defesa do voto e do sistema democrático deve ser um compromisso inegociável para todos os brasileiros. 

Passados dois anos, o Brasil tem dado passos importantes no fortalecimento de seus mecanismos de proteção à ordem democrática, mas ainda enfrenta desafios. A responsabilização dos envolvidos – para separar o joio do trigo – e o aprimoramento de ações preventivas, são medidas essenciais para assegurar que episódios semelhantes não voltem a ocorrer.  

É dever do Estado, em harmonia com a sociedade, manter-se vigilante contra qualquer tentativa de enfraquecimento das instituições. 

O fortalecimento da democracia passa também pelo entendimento de que a pluralidade política é saudável e essencial. A divergência de opiniões deve ocorrer dentro dos marcos do respeito e da legalidade, sem jamais flertar com rupturas institucionais. Quando as disputas políticas são levadas ao extremo da violência, o maior prejudicado é o país, pois se mina a confiança coletiva no pacto civilizatório construído ao longo de décadas. 

O 8 de janeiro de 2023 permanecerá como um marco histórico do que o Brasil deve evitar em sua trajetória democrática. Mais do que lembrar para punir, é necessário lembrar para educar. O compromisso com o respeito à soberania popular, expresso pelo voto, é o que mantém o Brasil firme como uma nação democrática, plural e soberana, onde o futuro deve ser decidido sempre nas urnas, jamais pela força.