É muito pouco provável que o senador Cid Gomes, ao confirmar sua desfiliação do PDT, ingresse no PT, qualquer que seja a circunstância política. Há muitas questões que o distanciam da ficha de filiação petista. Os últimos movimentos neste sentido mostram até mesmo que nem no PT cearense há consenso sobre essa possível filiação.
Cid Gomes repete, sempre ao ser questionado, que mantém uma relação política com o PT desde 1996 quando foi eleito à Prefeitura de Sobral. Por conta disso, ele se considera um responsável pela aliança do seu grupo político, que já trocou de partido algumas vezes, com o PT de Lula, Camilo e Elmano.
Até neste sentido é importante ser dito: uma coisa é ser aliado, outra bem diferente é ele se filiar à legenda. As motivações vão desde questões pessoais, familiares até as de liderança política.
Em 2018, quando o irmão Ciro Gomes foi candidato à Presidência da República e Lula estava preso, Cid compareceu a um evento petista, a convite do então governador Camilo Santana, em apoio a Fernando Haddad, então candidato petista ao Palácio do Planalto contra Jair Bolsonaro.
Naquele momento, em que ainda havia concordância política entre os irmãos, havia uma revolta considerável no núcleo dos Ferreira Gomes com as ações do PT ao longo da campanha. Para lideranças que acompanharam de perto aquele momento, um apoio do PT a Ciro teria o levado a derrotar Jair Bolsonaro na disputa.
Pois bem, no tal evento, Cid, ao se pronunciar no microfone, iniciou um bate-boca com um militante petista em que chegou a proferir uma das frases que virou bordão na política de então: “o Lula está preso, babaca”.
Em outro episódio, ocorrido em 2021, após Cid ter se encontrado com Lula em Fortaleza, antes da campanha presidencial do ano passado, Ivo Gomes, prefeito de Sobral, fez o seguinte comentário sobre o episódio: “todo cuidado com a carteira é pouco”. A ironia despertou a ira de petistas cearenses.
Mesmo assim, as desavenças de Cid e Ivo com o partido nem se aproximam do que tem feito Ciro Gomes que passou de aliado e ministro de Lula a um crítico contumaz do petismo.
Divergências no PT
Na sexta-feira (17), o ministro Camilo Santana e o governador Elmano de Freitas iniciaram um movimento que pareceu coordenado de convite a Cid Gomes para se filiar ao partido.
Imediatamente, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, tratou de dar uma opinião diferente sobre o assunto. Em entrevista, Guimarães disse considerar que não há possibilidade de Cid ir ao PT. “O PT não é uma porteira aberta para entrar quem quer”, disse ao Diário do Nordeste.