Ainda não é oficial, mas o senador cearense Tasso Jereissati, após cumprir três mandados de governador do Estado do Ceará e dois mandatos de oito anos no Senado Federal, se encaminha para encerrar sua destacada e histórica carreira como candidato a cargos eletivos no Ceará.
Conforme já abordamos, entretanto, o tucano segue como uma liderança política destacada com influência no cenário local e nacional.
Nesta terça-feira, 28 de setembro de 2021, o senador cearense anuncia a desistência de concorrer nas prévias do PSDB com vistas à sucessão presidencial em 2022 e formaliza apoio ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
Os dois tentarão organizar uma corrente interna para se opor ao governador de São Paulo, João Doria, que disputará com Leite a indicação do partido para 2022.
Aos 72 anos, Tasso Ribeiro Jereissati, empresário reconhecido nacionalmente, inaugurou, na década de 1980, um novo momento na gestão pública estadual no Ceará ao promover mudanças estruturais na forma de gerir a máquina estadual, baseadas na austeridade fiscal e na realização de obras estruturantes.
Recentemente, Jereissati admitiu, em Brasília, que também não deve concorrer à reeleição ao Senado no próximo ano, possibilidade já considerada nos bastidores, mas sobre a qual ele mesmo ainda não tinha falado até então.
Atualmente, o cenário de disputa pelo Senado no Ceará tem como pré-candidato, de maneira ainda não oficial, o governador Camilo Santana (PT), postulação que tem o apoio da cúpula nacional petista, e também o aval do PDT, dos irmãos Cid e Ciro Gomes, conforme declarou este último em recente evento organizado pelo prefeito de Fortaleza, José Sarto.
Segundo Ciro, o PDT dará apoio a Camilo Santana a qualquer empreitada que ele pretenda, mesmo que não haja aliança formal com o PT. A declaração de Ciro acabou, mesmo que indiretamente, confirmando a possibilidade que havia sido ventilada por Tasso no início da mesma semana, de não se candidatar ao cargo.
Ciro e Tasso reataram a aliança política no ano passado em torno das candidaturas de José Sarto, em Fortaleza, e Ivo Gomes, em Sobral, na disputa pelas respectivas prefeituras. Ambas campanhas vitoriosas em 2020.
Ao não deixar dúvidas do apoio a Camilo Santana à postulação ao Senado, Ciro e o PDT indicam que o tucano não deve mesmo ser candidato.
Um interlocutor dos dois lados disse a esse colunista, recentemente, que políticos da envergadura de Tasso tendem a se orientar por uma liturgia do exercício do poder segundo a qual o governador em exercício tem a prioridade de concorrer ao cargo que desejar ao se despedir do governo estadual.
Além do mais, todas as pesquisas de opinião atualmente apontam o petista como favorito à disputa do cargo de senador pelo Ceará no próximo ano. O pleito do próximo ano terá a disputa apenas por uma cadeira de senador. As outras duas foram preenchidas na última eleição por Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Podemos).
Articulações nacionais
A atuação política de Tasso seguirá intensa. Além de um nome forte no tucanato nacional, referência para Eduardo Leite, ele tem dialogado com partidos com o quais o PSDB poderá firmar aliança para o ano que vem, entre eles o PDT de Ciro Gomes, um nome citado com frequência por Tasso nas conversas nacionais.
Mesmo que não saia candidato no próximo ano, fontes do mundo político cearense consideram que a articulação do tucano terá peso na sucessão de Jair Bolsonaro no próximo ano.