A que pressões o governador Camilo Santana se referia?

A postagem do governador Camilo Santana (PT) nas redes sociais no início da manhã de ontem chamou atenção pelo tom. “Não agirei mediante pressão de setor A ou B”, dizia no trecho mais forte. Camilo não citou a quem se referia, mas aquele era um recado quase direto para uma articulação, que começou nos bastidores, de alguns empresários que tentam pressionar o Executivo a liberar as atividades do comércio e da indústria na próxima segunda (30). As medidas de isolamento são a polêmica do momento entre governadores e o presidente Bolsonaro, na qual entraram os empresários. 

Autoridades

Está marcada para hoje uma reunião do governador com representantes do setor produtivo. Do ponto de vista institucional, não há, por enquanto, arranhões na boa relação entre o Governo do Estado e os órgãos representativos empresariais, dizem fontes desta coluna que acompanham de perto a situação. No encontro de logo mais, o Estado vai debater ideias e propostas. A área econômica do Governo, inclusive, tem feito estudos sobre a questão. O governador deve dizer ao setor produtivo que todos devem buscar soluções para a questão econômica, mas que continuará baseando suas decisões sobre as ações públicas nas informações técnicas das autoridades sanitárias e nas recomendações mais adequadas.

Efeito das mortes

O dia de ontem marcou o início das mortes pelo coronavírus no Ceará. Foram três. E não vão parar por aí. Só em um hospital da rede privada da Capital, de 10 pacientes graves, oito estão respirando com ajuda de aparelhos por conta do agravamento da Covid-19. As mortes preocuparam o secretário de Saúde, Dr. Cabeto, e vão influenciar na tomada de decisões sobre os passos a serem dados. Do ponto de vista hospitalar, o Ceará caminha junto no sentido de reforçar sua estrutura de leitos de internação e de UTI, tanto na rede pública como na rede privada. Os grandes hospitais privados da Capital estão ampliando leitos para acolher vítimas da pandemia. Não se engane: a situação é grave. E não é este colunista que diz. São autoridades mundiais de saúde pública e os exemplos de cidades grandes como Milão, Londres e Nova York.

Pedindo socorro

Das medidas anunciadas pelo Governo Federal para socorrer os municípios na crise do coronavírus, até o momento, nada chegou as prefeituras cearenses. Individualmente, prefeitos vão se virando como podem para socorrer a população que recorre ao poder público diante da grave crise. A Aprece pede urgência na liberação de recursos federais para amenizar a situação.