O primeiro vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Fortaleza deverá ser realizado no fim de 2024, segundo Marcelo Kanitz Damasceno, tenente-brigadeiro do ar, comandante da Aeronáutica, em conversa com a coluna.
Kanitz participou nessa sexta-feira (1º) de visitação à Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) junto ao ministro da Defesa, Múcio Monteiro.
“É irreversível. Nós queremos que o primeiro vestibular daqui aconteça até o final do próximo ano. A turma poderia iniciar em São José dos Campos-SP, e voltar para cá no curso Profissional (a partir do 3º ano), quando já tivermos uma estrutura ainda melhor”, disse o comandante.
No entanto, o comandante também afirma que o ITA só iniciará as atividades na Base Aérea de Fortaleza quando a unidade cearense tiver o mesmo padrão do Instituto em São José dos Campos (SP).
“O McDonald’s daqui é igual ao de qualquer lugar do Brasil, então aqui terá o mesmo padrão de São Paulo”, ratificou. “Olha, você vê aquele prédio ali, ele está feio. Queremos demolir e fazer o alojamento dos alunos”, disse. “Eu não quero que o ITA comece enquanto esse asfalto aqui não esteja perfeito”, afirmou o comandante apontando para o chão.
Laboratórios e salas de aula também deverão ser construídos na Base Aérea. “Você sabia que a Coreia do Sul forma mais de 2 mil engenheiros padrão ITA por ano? Nós ainda formamos só 150, queríamos pelo menos 1 mil, mas vamos começar a ter mais vagas com o ITA Ceará.
“Queremos começar com um dos seis cursos que há lá em São Paulo, mas certamente vamos criar o curso de Energias. O Nordeste é vocacionado pra isso”, complementou.
‘Já tem muita coisa’
O Comandante da aeronáutica afirmou ainda que não há pressa. “Não precisamos de pressa, mas muita coisa se encaminhará fácil”.
O Ministro da Defesa disse que a BAFZ já tem uma boa estrutura. “Falta muito pouco na prática, já tem muita coisa”, comentou.
A Base Aérea possui estrutura já construída para permitir que a análise de instalação do ITA no Ceará não se inicie do zero. A estrutura já possui salas de aulas equipadas e três auditórios para diversos fins, porém a informação é de que novas serão criadas, que a primeira turma se iniciará em São José dos Campos, para retornar quando a estrutura de Fortaleza estiver mais adequada.
“Foi assim com o ITA que teve a 1ª turma iniciada no IME na década de 40”, comenta o comandante Damasceno. Os primeiros anos do ITA foram cursados no Rio de Janeiro no Instituto Militar de Engenharia, outra escola de excelência, irmã do ITA.
No ITA, os alunos moram ao lado das salas de aulas e laboratórios.
A BAFZ já possui hotéis de trânsitos, usados pelos militares, com todas as acomodações básicas e alimentação. As instalações poderiam ser melhoradas e ampliadas. Não se inicia do zero esse projeto.
“A estrutura dos refeitórios aqui são melhores do que muitas outras instalações da FAB”, comentaram as autoridades.
Espaços já existentes na BAFZ:
- Salas de aula
- Auditórios
- Hotéis (alojamentos)
- Rancho (refeitório),
- Hangares,
- Ginásios,
- Hospitais, clínicas odontológicas
Não há instalações de laboratório na Base Aérea. Há, porém, muito espaço disponível para a construção ou utilização de amplos espaços físicos, como hangares, que um dia abrigavam as aeronaves da FAB em Fortaleza.
Inclusive a Base Aérea é um Centro Preparatório de Oficiais da Reserva (CPOR) pronto, local para instrução e formação militar dos alunos, dado que os alunos deverão ser todos militares da ativa (cadetes) no primeiro ano de aula.
Conhecerão portanto a vida militar desde o 1º ano: instruções de tiro, “tiram serviço” armado, regulamentos da Aeronáutica e poderão sair como primeiros-tenentes da FAB.
Com a confirmação inequívoca, nada discreta do projeto, 2 ou 3 anos deverão ser mais que suficientes para que prédios novos como laboratórios sejam usados, mais uma vez lembrando dos prédios ociosos que já existem como os hangares.
Um curso de Engenharia Aeronáutica, por exemplo, precisará de instalações especializadas com a disponibilidade de túneis de vento para práticas experimentais, ainda que de pequenas proporções.
Professores e servidores poderão ser contratados. “Queria muito poder enviar esses professores para uma imersão de dois anos no exterior, por exemplo, para que se tornem ainda melhores, mas podemos ter estrangeiros também, como o ITA teve”, comentou o comandante da Aeronáutica.
Novamente, são tantas boas ideias e sinergias permeando esse projeto que é impossível pensar que ele não se concretize.
Poderia haver, quem sabe, uma cessão de Professores e Especialistas do DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, onde fica o ITA, ainda que provisoriamente, para que a essência do instituto “pegue” por aqui também.
Ademais, Fortaleza já recebeu uma pós-graduação do ITA há alguns anos. As aulas eram em instalações da Universidade Federal do Ceará (UFC) e professores e pesquisadores ligados ao ITA se deslocavam mensalmente para ministrar aulas. O caminho para o ITA Ceará está pavimentado, a instalação é “irreversível”.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.