Companhia aérea brasileira é a mais pontual do mundo, aponta relatório

 A Azul Linhas Aéreas foi a companhia de aviação mais pontual do mundo em 2022, segundo a relatório anual da Cirium, a principal referência mundial de dados operacionais no setor. A empresa comemorou o título na última quarta-feira (1º), em seu hangar no Aeroporto de Campinas (SP). Esta coluna foi convidada a participar do evento.

A Azul garantiu o feito ao cumprir pontualmente 88,93% dos seus voos avaliados ao longo do ano passado. O resultado levou a companhia a adesivar duas aeronaves com mensagens relativas ao feito. 

Estacionadas no maior hangar da América Latina, estavam as presenças ilustres da menor e da maior aeronave da Azul, um Cessna Grand Caravan e um Airbus 350: essa última aeronave tinha plástico de fábrica e cheiro de nova. 

As aeronaves foram adesivadas com mensagens para marcar o momento e, principalmente, para compartilhar com os Clientes uma conquista inédita que já é encarada como missão pela companhia: “O céu é Azul em ponto! Ganhe tempo, voe Azul somos a mais pontual do mundo”.

Cirium

A Companhia brasileira comemora o marco em parceria com a empresa Cirium, que é a emissora do título, empresa que acompanha sistematicamente a chamada On-time Performance (desempenho de pontualidade) das companhias aéreas. O CEO da empresa, Jeremy Bowen, também esteve presente na solenidade e explicou que a empresa começou como uma revista em 1909, chamada FLY, apenas seis anos após o 1º voo da máquina mais pesada que ar, dos irmãos Wright. Na solenidade, foi citada com bom-humor pelo host da Azul, que o 14 Bis de Santos Dumont voou também em ano semelhante.

Ao receber o troféu, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou emocionado:"Não mereço esse prêmio, vocês merecem, subam aqui todos os tripulantes que convidamos para estarem aqui". A Azul convidou alguns tripulantes de cada uma de suas bases para se fazerem presentes, representando mais de 14 mil colaboradores. Após subirem, todos ergueram a bela taça, como se faz nos torneios esportivos.

"Vão lá, tirem fotos, digam aos pais de vocês, sou o melhor do mundo", ressaltou John Rodgerson, informando que gostaria que cada um dos 14 mil tripulantes pudesse tirar fotos com a taça. 

"Cada um de nós é responsável por essa pontualidade, por isso convocamos ‘guardiões’, um de cada área, para levarem essa conquista – simbolicamente transformada em troféus – para suas bases. Mais do que um gesto, queremos estimular esse nosso compromisso”, completou John.

Uma das comissárias presentes, indagada sobre o que ela via de diferencial na companhia, respondeu de forma bem-humorada "nós, os Colaboradores". "Temos um amor que nos move e nos faz servir bem, queremos servir bem! Toda a nossa equipe é muito próxima, muito comprometida", defendeu.

A primeira base a receber a taça será Recife, um dos três maiores hubs da Companhia.

Sistemática de apuração das mais pontuais

A Cirium recebe diariamente mais de 15 milhões de dados operacionais da indústria da aviação comercial. Esses dados são responsáveis por apontar também quais as operações mais pontuais.

"Todo mundo quer estar no topo, todo mundo quer dizer aos investidores que está no topo. Os top 3 estão muito próximos entre si, todos querem ser reconhecidos como pontuais”, informou o CEO da Cirium. Ainda assim, a Azul se sobressaiu. "Temos uma comissão independente, para dizer independentemente de governos, por exemplo, qual é a empresa melhor em pontualidade", completou.

Questionado pela coluna, Jeremy Bowen disse que a Azul venceu o troféu com aproximadamente 1% de vantagem sobre a segunda companhia aérea do mundo.

Já John Rodgerson resaltou que em um país onde há tantos processos judiciais, ser pontual é um dever: "olhávamos seguidamente no site da Cirium como estávamos, e quão mais precisávamos ser pontuais para ganhar esse prêmio, tínhamos essa meta".

Em 2019, a Azul foi a 4ª mais pontual do mundo com 84% de pontualidade, agora atinge os 89% e a liderança.
"Poucas empresas podem dizer que são melhores do mundo. Existem 5 mil companhias aéras no mundo, e poucas podem dizer que são a melhor", celebrou o CEO da Azul.

Presença do Ministro de Portos e Aeroportos

O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, disse, presente ao evento, disse que essa conquista é um orgulho para todo brasileiro. "Servir bem e ser rigoroso com horários, nem sempre combina, mas vocês conseguiram. Receber bem e ser simpático, é algo que a Azul faz muito bem".

"Temos muitas coisas para acontecer esse ano. Queremos muito que essas inspirações passem por empresas excelentes como vocês. Muito bonito ver os colaboradores se sentindo donos de um pedacinho da empresa, dono do processo", comemorou França.

"Agora vocês levantaram o bastão, subiram o nível. Todos vão querer correr atrás, o próximo passo é cantar o bi (campeonato) próximo ano", completou.

Márcio França afirmou ainda que o governo federal quer estar próximo às companhias aéreas, tentando entender como podem fazer o voo mais próximos de todos brasileiros. "Temos 100 milhões de passageiros por ano, porém, quando vamos ver, esses passageiros representam apenas 10 milhões de CPFs. E todos os demais que ainda não voam?".

O ministro comentou ainda que buscava formas que permitam às companhias aéreas voarem com o mínimo de assentos vazios. "Nesse setor, temos uma ociosidade de assentos vazios próxima a 20%, ou seja, a ocupação média das aeronaves é de 80%. Queremos buscar formas para que mais pessoas voem, com tarifas boas".

Petrobras e o preço do querosene de aviação 

"Queremos buscar a Petrobras e buscar que moldem melhor o preço do querosene de aviação de acordo com os custos locais de produção", completou Márcio França, referindo-se à indexação dos derivados aos preços de bolsas de valores mundiais.

O CEO da Azul aproveitou a fsala do ministro para dizer que o Brasil tem um dos combustíveis mais caros do mundo e destacou que passagens seriam mais baratas se o insumo tivesse preços equivalentes aos (países) "gringos".

Assentos mais baratos

Sobre as estratégias para que o assento não fosse tão caro, sobretudo nas horas finais do voo, quando voos curtos, podem custar mais de R$ 3 mil, Rodgerson nos respondeu que querem fazer os assentos mais baratos sistematicamente, não para que as pessoas não busquem comprar passagens apenas em cima da hora.

"O brasileiro precisa entender que as passagens podem ser mais baratas quando se busca com antecedência, quando se busca por períodos de baixa estação. Se você busca por uma praia, no momento em que ela é mais buscada, os preços serão elevados", explicou.

Nesse sentido, há de se admirar a franqueza de John Rodgerson que comentou sobre pessoas torcerem sobre a Azul quebrar: "olhem os jornais, há pessoas prevendo que a Azul vai quebrar, que estamos falindo, torcendo contra nós. A Azul não vai quebrar, temos os melhores colaboradores e eles não deixarão a empresa quebrar", disse.

O CEO ainda fez mais homenagens, quando afirmou que "os colaboradores foram bravos o suficiente para renunciarem a seus salários e não permitir que a empresa parasse no auge da pandemia", disse emocionado.

Concessão de Congonhas

Perguntei ao Ministro Márcio França sobre a concessão do aeroporto de Congonhas à iniciativa privada. Lembro que há algumas semanas, houve apontamentos de dentro da Infraero, estatal que gerencia aeroportos, de que a concessão estava cancelada.

Márcio França respondeu que, de fato, alguns comentários de funcionários que "torcem" que o aeroporto continue estatal (Congonhas): "não faço juízo de valor sobre". "Porém, o processo está correndo, houve empresas que fizeram propostas e se as autoridades competentes verificarem que se trata de um negócio juridicamente perfeito, o processo continuará como se planejou", acrescentou.