Transnordestina: será que agora é para valer?

Iniciadas em 2007, as obras da ferrovia - que ligará as regiões agropastoris e minerais do Piauí, Pernambuco e Ceará ao Porto do Pecém -- já consumiram R$ 8 bilhões. Mas agora ganharão velocidade, como promete a concessionária Transnordestina Logística

Será que agora vai? A pergunta tem sentido, pois, afinal, as obras da Ferrovia Transnordestina, um sonho difícil de virar realidade, estão ganhando 1) mais dinheiro para a sua execução, 2) mais pessoal e equipamentos e 3) mais promessas do concessionário de que agora a coisa é para valer. 

Trata-se de uma das maiores obras de infraestrutura de transporte em execução no país, já tendo consumido algo perto de R$ 8 bilhões, parte dos quais oriundos de fundos públicos. Mas outro tanto de dinheiro será necessário para que se conclua o trecho que ligará Salgueiro, em Pernambuco, ao Porto do Pecém, no Ceará. 

A cearense Construtora Marquise – que já faz a execução dos trechos 1, 2 e 3 do empreendimento – e a Transnordestina Logística estão prestes a celebrar um novo contrato por meio do qual serão executados os trabalhos de implantação de mais dois trechos da ferrovia, o 4 e o 5, ambos na geografia do Ceará: de Acopiara a Piquet Carneiro e de Piquet Carneiro até Quixeramobim, ambos no Sertão Central do estado.

Se não faltar dinheiro, esses dois trechos, com 102 quilômetros de extensão, estarão prontos até o fim do próximo ano.

Há muito trabalho pela frente. Nos dois novos trechos da obra, haverá o movimento de 5 milhões de metros cúbicos de terra, serão construídos 11 viadutos, 5 pontes e, ainda, todo o sistema de drenagem da estrada de ferro e mais as camadas de sub lastro do corpo da ferrovia. 

As máquinas, os engenheiros e os operários da Marquise Infraestrutura, uma das empresas do Grupo Marquise estão – vale lembrar – a executar todas as obras de infraestrutura da Transnordestina. A instalação da via permanente – trilhos, dormentes de concreto e sinalização – será feita por uma empresa especializada, mas esta é a parte mais simples e rápida de todo o projeto. 

O difícil mesmo é abrir caminho para a ferrovia, pois para isto são necessárias, por exemplo, a explosão de rochas e a construção de túneis, pontes e viadutos, e é este trabalho duro e tecnicamente exigente que está sob a responsabilidade da Marquise Infraestrutura, cujo diretor, engenheiro Renan Carvalho, não esconde seu entusiasmo:

“É uma obra por meio da qual a Marquise Infraestrutura está escrevendo mais um capítulo importante da história da engenharia cearense. Esse caminho de ferro dinamizará, e muito, a economia do Ceará e do Nordeste”, afirma ele, abrindo um largo sorriso.

Carvalho adianta que serão iniciados em março os trabalhos de construção dos trechos 4 e 5 da Transnordestina, que abrirão emprego direto para 1.300 pessoas, número que dobrará de forma indireta nas cidades, distritos e vilas pelos quais os trabalhos passarão. Neste particular, Renan Carvalho revelou que a prioridade da Marquise Infraestrutura tem sido a de utilizar mão de obra e prestadores de serviço da região onde as obras se realizam, sendo o empreendimento “um importante vetor de geração de emprego e renda”.

Quando estiver concluída em 2026 – segundo a última previsão da própria Transnordestina Logística – a ferrovia terá 1.209 quilômetros de extensão, desde Elizeu Martins, no Piauí, onde ela terá o Marco Zero, até o Porto do Pecém. Ao longo desse percurso, a estrada de ferro atravessará 53 municípios do Piauí, Pernambuco e Ceará. 

Líderes da indústria e da agropecuária do Ceará torcem para que a Transnordestina Logística cumpra os novos prazos de execução dessa obra, crucial para a melhoria da logística de transporte da região Nordeste. 

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, tem dito e repetido, em diferentes auditórios, que a Ferrovia Transnordestina injetará sangue novo na veia da economia do Ceará, que carece mesmo de um modal ferroviário moderno e eficiente como deverá ser a Transnordestina.