Qual é a razão do êxito da Casa dos Ventos, maior empresa brasileira desenvolvedora de projetos de energias renováveis, à qual acaba de aderir a Total Energies, gigante francesa de óleo & gás TotalEnergies, espécie de Petrobras da França, que comprou 34% do capital empresa criada pelo cearense Mário Araripe?
A razão é uma só: Mário Araripe, desde a infância de sua Casa dos Ventos, cercou-se dos melhores executivos, todos oriundos de um centro gerador de inteligência – o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Quem trabalha na Casa dos Ventos e, mais ainda, quem tem contato direto com Mário Araripe confessa – e esta coluna ouviu ontem, quarta-feira, dois depoimentos de quem tem direta comunicação com ele – a informação de que sempre foi a seleção dos recursos humanos da empresa o foco principal do seu sócio controlador.
Mário Araripe, ele mesmo, costuma visitar a sede do ITA, em São José dos Campos (SP), onde conversa com os professores, aos quais pede informações sobre os melhores alunos, cujos boletins e notas são por ele analisados.
Uma fonte da Casa dos Ventos, que trabalha há quase 20 anos no grupo de empresas dirigido por Mario Araripe, testemunha, em mensagem a esta coluna, o seguinte:
“Eu sou engenheiro, graduado por uma universidade nordestina e com mestrado em uma universidade do Sul do país, mas reconheço que os engenheiros que vêm do ITA dão um show em nós. E como aqui na empresa o que vale, e vale muito, é a meritocracia, o meu esforço e o dos demais colegas que não são graduados pelo ITA é no único sentido de estudar mais e de aprender mais para fazer a Casa dos Ventos cada vez maior e mais forte”, disse ele.
O próprio Mário Araripe confessa que sua empresa é uma unidade geradora de inteligência. Em vídeo que a empresa divulga nas redes sociais, ele diz:
“A Casa dos Ventos é uma ideia que começou a se realizar quando decidimos tentar contribuir de uma maneira responsável com a sociedade como um todo. Resolvemos estudar o vento porque achamos que é o vento o melhor recurso para gerar energia limpa e sustentável”.
Seu filho Lucas, que é sócio e diretor da empresa, acrescenta no mesmo vídeo:
“E nós conseguimos investir muito nisso. Em identificar essas áreas, compreender o vento e desenvolver estudos ambientais”, diz ele.
Mário retoma a palavra: “Fundamentalmente, a Casa dos Ventos é uma empresa de conhecimento. Nós procuramos janelas de conhecimento para trazermos valor”.
No mesmo vídeo, falam jovens engenheiros que integram a equipe técnica e tecnológica da empresa. Um deles afirma:
“Quando nós aliamos essas pessoas (os recursos humanos) à inovação e à tecnologia, nós conseguimos nos destacar nesse setor, que está sempre em transformação – uma palavra constantemente pronunciada na Casa dos Ventos – pelo nosso DNA e por estar inserido em uma área que está em mudança, sempre, seja por transformar a energia sinética do vento em eletricidade, seja por transformar para melhor a vida das comunidades em que atuamos, gerando emprego, gerando renda, seja para transformar o local em que trabalhamos”.
A parceria com a TotalEnergies é, certamente, o primeiro grande passo da Casa dos Ventos para, juntando os seus músculos e a sua inteligência à expertise da gigante francesa, consolidar sua posição de líder na área do desenvolvimento de projetos de energias renováveis e, ainda, para investir no que já se denomina energia do futuro – o Hidrogênio Verde (H2V), que, para ser verde, tem de ser produzido com energia renováveis – solar ou eólica onshore e offshore.
QUADRO ELEITORAL FAZ B3 PERDER 7 MIL PONTOS EM 3 DIAS
Pelo terceiro dia consecutivo, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em queda, e foi uma queda acentuada: 1,62%, aos 112.763 pontos.
Em apenas três dias, a B3 perdeu 7.166 pontos em relação ao fechamento do pregão da sexta-feira da semana passada. E o dólar subiu outra vez, fechando cotado a R$ 5,38, com alta de 1,22%.
A queda da B3 acompanhou a das bolsas norte-americanas, que também fecharam o pregão de ontem em baixa de até 2,04%, como foi o caso da Nasdaq, que negocia ações das empresas de tecnologia dos EUA.
Ontem, nas bolsas norte-americanas, as ações das empresas de tecnologia desabaram. As da Microsoft caíram 7,72%, enquanto as da Alphabet, dona do Google, desabaram 9,14%. O balanço das duas gigantes foram divulgados na terça-feira e seus lucros vieram abaixo do esperado pelo mercado, e isto provocou a queda de suas ações.
Aqui no Brasil, o que, nos últimos dias, tem influenciado a atitude dos investidores da B3 é o clima eleitoral que cerca o segundo turno do pleito presidencial, que será realizado no próximo domingo, dia 30.
As pesquisas que estão sendo divulgadas deixam em parafuso os investidores. Algumas pesquisas preveem vitória de Bolsonaro; outras apostam na vitória de Lula; e outras estão dando empate, o que força o vai-e-vem da bolsa de valores brasileira.
O resumo dessa ópera é o seguinte: a queda da bolsa B3 e a alta da moeda norte-americana estão atreladas à disputa eleitoral. Os investidores acompanharão hoje e amanhã a divulgação de novas pesquisas.
Muitos investidores, temendo o risco, estão vendendo seus ativos, principalmente as ações das empresas estatais, pois não sabem o que vem pela frente. Mas isto é algo normal no mercado de capitais.
Outra coisa que deixa apreensivo o investidor é o que vai acontecer na noite do próximo domingo e na segunda-feira, um dia após as eleições. São as incertezas quanto ao resultado do pleito que deixa o investidor nervoso e com aversão ao risco.
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juros Selic no patamar em que ela se encontra há 45 dias, ou seja, na marca de 13,75%.
No comunicado distribuído logo após o fim da reunião, o Banco Central afirma que a conjuntura ainda é incerta e, por isto mesmo, “requer serenidade na avaliação dos riscos”.
Bem, os economistas continuam apostando que a taxa Selic permanecerá nesse patamar de13,75% pelo menos até o fim do segundo trimestre de 2023, quando poderá ser iniciado o ciclo de queda dos juros.
No mesmo comunicado, o Banco Central fala sobre as incertezas da economia mundial, a volatilidade dos ativos financeiros e, ainda, sobre a alta inflação nos países ricos, cujas taxas de juros estão subindo. Por causa de tudo isto, salienta o comunicado, é preciso ter mais atenção para os países emergentes.
Quanto à economia brasileira, o comunicado do Copom diz que os indicadores apontam para um crescimento mais moderado.
“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024”, diz o comunicado que acompanha a decisão.”