Ao tomar posse ontem à noite da presidência da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), o agropecuarista Amílcar Silveira anunciou que uma de suas prioridades será a instalação do Cinagro – o Centro de Inteligência do Agro, que, como o nome indica, será voltado para transmitir conhecimento tecnológico ao produtor rural cearense, usando para isso todas as ferramentas que o mundo digital oferece.
À solenidade de posse da nova diretoria da Faec foi realizada na área externa do edifício-sede da entidade, na avenida Eduardo Girão, no bairro do Jardim América.
O secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento, Sílvio Carlos Ribeiro, que representaria o governo do Estado, não pode comparecer porque se encontra sob suspeita de ter contraído a Covid-19 e também com fortes sinais de gripe. Mas compareceram vários prefeitos municipais e deputados federais e estaduais, entre os quais o capitão Wagner, todos saudados pelo empossado, que, aliás, pronunciou o único discurso da noite.
Empresários industriais e agropecuaristas compareceram, entre eles Carlos Prado, vice-presidente da Fiec; Luís Girão, fundador do Grupo Betânia Lácteos; Cristiano Maia, do Grupo Samaria; e José Antunes Mota, pecuarista e industrial, presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios do Ceará.
Amílcar Silveira iniciou seu pronunciamento dizendo que há uma dura realidade que precisa de ser revelada, compreendida e superada:
“Apenas 10% da renda do Estado do Ceará são oriundos do meio rural, onde vivem 22,2% de sua população. Estes são números que mostram uma realidade dura e desafios enormes que temos de enfrentar, principalmente por meio da qualificação dos nossos produtores rurais”.
Amílcar Silveira fez questão de focar as tarefas que terão de desenvolver a Faec, o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e o conjunto dos sindicatos rurais, que estão presentes “em todas as regiões do Estado, onde, mesmo nas localidades de difícil acesso, conseguimos cumprir a nobre missão de levar ao produtor rural mais capacitação, acesso às novas tecnologias, saúde e cidadania”.
Ele disse que esse sistema tem “enorme potencial e capilaridade para levar, por exemplo, assistência técnica e gerencial para toda a população rural”.
O presidente da Faec disse mais:
“Temos certeza de que os nossos agropecuaristas, com a garra que possuem para trabalhar, se tiverem melhor noção de como gerir e aproveitar a sua terra e a sua produção, poderão aumentar consideravelmente a sua renda e melhorar a sua vida. Hoje, o setor agropecuário cearense corresponde a cerca de 5,17% do PIB do Estado, enquanto os índices do agronegócio brasileiro chegam a 26,6% da economia nacional. Não soubemos, aqui, acompanhar esse crescimento do agro do Brasil”.
Mostrado otimismo, Amílcar Silveira prosseguiu:
“Destacamos a importância de revertermos esse quadro. Devemos entrar numa nova era, a da agricultura familiar competitiva. Não será fácil, mas, caminhando juntos a parceiros comprometidos, junto aos governos federal e estadual e junto a qualquer instituição que esteja disposta a unir-se a nós em favor dos produtores rurais, iremos mudara realidade do campo no Estado do Ceará.”
E acrescentou:
“Apesar das dificuldades, dos longos períodos de seca e da falta de investimento, em muitos aspectos a agropecuária cearense mostrou robustez e capacidade de crescimento. Podemos mostrar o potencial do agro do nosso Estado, dentre vários outros exemplos, destacando que temos o maior produtor de camarão do país (Cristiano Maia), o maior produtor de melão do mundo (Agrícola Famosa) e o maior exportador de banana do Brasil para a Europa (Edson Brok). Somos o 1º produtor e exportador de água de coco, o 1º exportador de flores do Nordeste e o 4º do Brasil”.
No final do seu discurso, Amílcar Silveira anunciou:
“Finalmente, ressaltamos que desde o primeiro dia após o resultado das eleições, iniciamos o planejamento estratégico para os próximos 10 anos e já convidamos Sedet, IFCE, Mapa, Adagri, Incra, Semace, Ibama para participarem dessa construção, para a qual se faz necessário atrair investimentos e conexões internacionais, além de implantar uma mentalidade global para sabermos agir internamente.
“Também estamos atentos às transformações digitais, rumo à realidade da Agricultura 5.0, um caminho sem volta para utilização de novas tecnologias dentro da produção. Um dos principais projetos de nossa gestão será a criação do Cinagro – Centro de Inteligência do Agro, que visa facilitar o acesso à informação e a dados atualizados que permitam a tomada de decisões necessárias para o nosso setor”.
Após o seu discurso, Amílar Silveira disse à coluna: "Vou procurar o governo do Estado para criarmos uma boa relação de entendimento. E vou fazer isso já na segunda-feira". Elelembrou que tem boa relação com o secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, e com o seu secretário Executivo do Agronegócio, Sílvio Carlos Ribeiro.