Portuguesas Galp e EDP podem vir juntas para o Pecém

Secretário Maia Júnior ouviu da diretora da EDP, Ana Kelia, que a empresa quer trocar por H2V o carvão que move a UTE Pecém-1. A Galp poderá juntar-se ao Hub do Pecém

Líder mundial da área de energias renováveis e quarto maior produtor de energia eólica do mundo, a EDP (Energias de Portugal), maior empresa portuguesa, com investimentos no Complexo do Pecém, manifestou ontem, oficialmente, seu desejo de ampliar sua presença no Ceará. 

Durante encontro em Lisboa com o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Governo cearense, Maia Júnior, a diretora para Hidrogênio Verde da EDP, Ana Kelia, deu notícias sobre o andamento do seu projeto piloto de geração de Hidrogênio Verde no Pecém, cuja produção deverá começar até o fim do próximo ano. 

Falando a esta coluna no início da noite de ontem diretamente de Lisboa, onde acabara de encerrar a programação da Missão Empresarial e Governamental a Portugal, Maia Júnior não escondeu seu entusiasmo ao ouvir da sra. Kelia a notícia de que a intenção da EDP é substituir por H2V o carvão mineral que hoje move sua usina termelétrica Pecém 1, no Ceará. 

De acordo com Maia Júnior, não somente a EDP, controladora da EDP Brasil, que investe no Ceará, mas também a Galp, que é a companhia portuguesa de petróleo e gás, dona da Petrogal e da Gás de Portugal, mostrou interesse de participar do projeto do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém.

“Acredito que a EDP e a Galp poderão até se juntar num projeto de geração de energias renováveis e de produção de Hidrogênio Verde, uma vez que o projeto do Hub do H2V do Pecém já conta com empresas da Holanda, da França, do Reino Unido, da Austrália e da Alemanha, o que revela a importância e o alcance do empreendimento que imaginamos para o Ceará no curto prazo”, assinalou Maia Júnior. 

Essas empresas já celebraram Memorando de Entendimento como Governo do Ceará.

Bem realista, o executivo cearense deu muita importância às reuniões que teve a missão cearense com as grandes empresas têxteis de Portugal, que voltaram a ter protagonismo na indústria europeia de fiação e tecelagem.
 
Ele reconheceu que a indústria têxtil e de confecções do Ceará, que já foi uma das líderes do setor no Brasil, está hoje muito distante do estado da arte do que representa o setor têxtil português, que criou um Centro de Desenvolvimento e Inovação, mas adiantou que todo o esforço de sua secretaria se volta para a recuperação desse setor, “que é empregador intensivo de mão de obra e tem importância fundamental para a indústria cearense como um todo”. 

Maia Júnior destacou, ainda, as reuniões realizadas ontem com empresários do agronegócio de Portugal, alguns dos quais – produtores de grãos, incluindo milho – deverão visitar o Ceará com o objetivo de estudar parcerias com agricultores cearenses.

Ele se referiu, também, à reunião realizada na manhã de ontem na Taguspark, um centro de Inovação que reúne 160 empresas que empregam 16 mil funcionários, cujo CEO, Eduardo Baptista Correia, manifestou desejo de visitar o Ceará para tratar, com seus colegas do agro cearense, da possibilidade de parcerias nas diferentes áreas do agronegócio.
Maia Júnior concluiu com uma mensagem:

“As novas tecnologias e a inovação dominam o mundo e estão na pauta de todas as empresas que nós visitamos ao longo da semana aqui em Portugal. Retornaremos ao Ceará com a certeza de que estamos no caminho certo em relação ao Hub do Hidrogênio Verde e de que nossas políticas estão alinhadas com o que pensa o mundo. Temos plena certeza de que a transição energética é irreversível. Não podemos continuar com uma relação comercial de apenas US$ 16 milhões com Portugal. É uma pauta muito pobre. Precisamos aprimorar essa relação e aproveitar as oportunidades que estão surgindo”.