O varejo mudou. A loja e os lojistas têm de mudar, diz Serrentino

Mais requisitado consultor do mercado varejista nacional, Alberto Serrentino, a convite da CDL de Fortaleza, falou no RioMar sobre as tendências do varejo aqui e no mundo

Um deles é o de “esquentar a loja física com tecnologia”, como recomendou Alberto Serrentino, um consultor no varejo, palestrante internacional, presença obrigatória em todos os grandes eventos mundiais do setor e amigo dos grandes líderes lojistas do Ceará, que o admiram. 

Ontem, durante uma hora e meia, no Teatro do Shopping RioMar, ele prendeu a atenção de 1 mil pessoas – grande parte das quais empresários varejistas de grande, médio e pequeno portes, que o ouviram sob um silêncio sepulcral. 

A convite da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Serrentino falou sobre as transformações por que passa o varejo no Brasil e no mundo e sobre suas tendências, todas elas umbilicalmente ligadas aos avanços tecnológicos.

Na prática, ele traduziu para os lojistas cearenses o que foi dito e apresentado no último mês de janeiro em Nova Iorque, onde anualmente se realiza a maior convenção mundial do varejo, sempre com a presença de grande comitiva de lojistas do Ceará. 

Ele começou lembrando os dois tristes anos de 2020 e 2021, durante os quais o mundo rico e pobre foi atacado pela pandemia, que matou cerca de 15 milhões de pessoas, segundo dados que a Organização Mundial de Saúde divulgou em maio e foram citados pela BBC.

Esse trágico evento desorganizou as cadeias mundiais de suprimento que ainda hoje estão desequilibradas. Para além disso, a economia do planeta enfrenta instabilidade geopolítica, inflação, altas taxas de juros, risco de recessão nos Estados Unidos e carência de mão de obra.

No Brasil, o varejo tem “fatores a favor e contra”, disse Serrentino. A favor ele citou os programas sociais do novo governo que incrementam a renda e melhoram o consumo; o emprego; os programas habitacionais; o comércio exterior; as relações internacionais; e o câmbio, que não explodiu como se estimou.

Entre os fatores contrários, o consultor listou a inflação, os juros, a renda, o crédito e o PIB. 

Nos dois casos, ele incluiu a ainda desconhecida política fiscal do governo, que trocará o teto de gastos por um novo arcabouço fiscal, cujo conteúdo deverá ser revelado na próxima semana.

Alberto Serrentino apresentou o que chamou de “perspectivas” para o varejo brasileiro ao longo deste ano. Na sua opinião, crescerão os setores de alimentos, farmácias, cosméticos, beleza, Pet e moda premium. 

Na contramão, ou seja, enfrentando dificuldades, estarão os setores de eletroeletrônicos, móveis, telefonia e informática. 

Ele disse que, depois da pandemia, as vendas digitais não cresceram, mas adiantou que o comércio varejista terá de voltar-se para a captura de dados (dos clientes), para a Inteligência Artificial e para a otimização do negócio.

Serrentino disse que o consumidor mudou seus hábitos e sua jornada, o que repercutiu no dia a dia das lojas físicas, que registram agora menor tráfego de pessoas. 

Uma das causas dessa mudança é o fato de que “o cliente está usando mais o digital”, razão pela qual ele chegou a sugerir que a loja precisa ser transformado em um Hub. 

Outra recomendação que o consultor transmitiu ao silencioso e atento auditório foi esta: o varejo precisa capturar mais dados, e acrescentou um detalhe importante, ao dizer que “80% dos que entram na loja (e saem dela) não compram”.