Da Europa, onde se encontra cumprindo agenda de contatos com fabricantes de máquinas e equipamentos para a indústria têxtil, Raimundo Delfino – sócio majoritário e CEO do Grupo Santana Textiles, que tem fábricas de tecido índigo no Brasil e na Argentina, e da Nova Agro, empresa que produz algodão e soja na Chapada do Apodi, no lado Leste do Ceará – manda dizer à coluna que apoia integralmente a iniciativa do presidente da Faec, Amílcar Silveira, que quer fazer do 14º Congresso Brasileiro do Algodão a plataforma de apresentação do “novo algodão cearense”, cujas qualidades já foram levantadas e provadas pelo laboratório do Centro Tecnológico da Cadeia Textil, instalado pela Fiec e em operação pelo Senai-Ceará no seu núcleo de Parangaba, em Fortaleza.
O Congresso do Algodão será realizado nos dias 3, 4 e 5 do próximo mês de setembro no Centro de Eventos do Ceará. Trata-se do maior evento da cadeia produtiva algodoeira do país, do qual participarão, neste ao, empresas de mais de 30 países de diferentes regiões do mundo.
Delfino considera “muito feliz” a ideia do presidente da Faec, que está em linha com o esforço que vêm fazendo a iniciativa privada e o governo do Estado no sentido de recolocar o Ceará na mesma posição onde esteve nos anos 50 do século passado, ou seja, no protagonismo da cotonicultura brasileira.
Agora, com toda a tecnologia disponível – criada e desenvolvida pela Embrapa – o Ceará tem a chance de seguir as pegadas dos cotonicultores do Mato Grosso, Mao Grosso do Sul, Tocantins e Bahia, que lideram a produção e a exportação nacionais do produto.
A ideia do presidente da Faec é reunir, num grande estande no Congresso Brasileiro do Algodão, os organismos que estão à frente do projeto de retomada da cotonicultura cearense – o governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), a Federação das Indústrias (Fiec), a empresa de tecnologia Fertsan e as empresas que produzem algodão, a começar pela de Raimundo Delfino, a Fazenda Nova Agro, que tem planos de ampliar, no curto prazo, seus investimentos nessa atividade. Toda a produção da fazenda é beneficiada pela sua fábrica de fiação, cujo produto é encaminhado para as unidades de tecelagem do grupo Santana Textiles.
A presença dessa “força tarefa” cearense no Congresso Brasileiro do Algodão transmitirá para a liderança da cotonicultura nacional a notícia de que o Ceará está de volta a uma atividade da qual já foi líder, perdendo essa posição por força da ação deletéria do “bicudo”, um inseto que atacou e destruiu os algodoais nordestinos nas duas últimas décadas do Século XX.
Hoje, o bicudo ainda sobrevive, mas a biotecnologia e a indústria química criaram e desenvolveram defensivos agrícolas que o combatem com eficácia.
O Congresso Brasileiro do Algodão tem números importantes: no ano passado, ele registrou 3.500 participantes que vieram de 29 países e de 23 estados brasileiros, 51 patrocinadores, 115 palestras, 24 salas temáticas e 176 trabalhos científicos. Estes números serão maiores, antecipa a organização do evento, de cuja programação técnica constam dezenas de palestras, duas das quais serão proferidas pelos produtores Airton Carneiro, presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado do Ceará (Apaece) e Juscelino Sampaio, filiado à mesma entidade.
Para o presidente da Faec, a cotonicultura “está voltando com força ao Ceará, e esta é uma boa notícia porque revela o poder de recuperação de um setor importante da economia estadual, agora estimulado por empresários modernos, inovadores, antenados com o que de melhor dispõe a biotecnologia para a agricultura, de que é exemplo a Embrapa, que acompanha de perto os investimentos que a iniciativa privada vem fazendo aqui na cultura do algodão, dando-lhe a devida cobertura científica”.
Além disso, salienta Amílcar Silveira, o governador Elmano de Freitas e seu secretário Salmito Filho estão, pessoalmente, apoiando as ações do agro por meio de providências que reduzem a burocracia e aceleram os investimentos nos seus vários segmentos.
“O Algodão voltará, em curto prazo, a ocupar o destaque que merece na economia do Ceará”, concluiu Amílcar Silveira.