Nem o bom PIB do 1º trimestre evitou a queda da Bolsa

Queda foi de 0,19%, suficiente para a perda dos 122 mil pontos. E o dólar disparou, fechando o dia a R$ 5,28. Economistas e até o governo estão preocupados com o que virá daqui para a frente

Ontem, foi mais um dia ruim para o mercado financeiro e de capitais no Brasil. Nem a boa notícia do PIB do primeiro trimestre melhorou o humor dos investidores. Resultado: a Bolsa de Valores B3 fechou em queda pelo quinto pregão consecutivo. A queda foi pequena, de 0,19%, mas suficiente para que ela perdesse a marca dos 122 mil pontos: a B3 fechou aos 121.802 pontos. Nos últimos 10 dias, a Bovespa perdeu 9 mil pontos.

O PIB do primeiro trimestre de 2024 veio com 0,8% de crescimento em comparação com o trimestre anterior, ou seja, o último de 2023. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB subiu 2,5%. Para os economistas esse resultado é positivo e indica que a economia brasileira vai bem, de que é prova o mercado de trabalho, que se mantém aquecido.

Entre os países do G20, o Brasil registrou o quinto maior crescimento no primeiro trimestre deste ano. 

Outra boa notícia que surgiu ontem foi a de que a economia brasileira deverá fechar 2024 na oitava posição, desbancando a Itália que passará a ser a nona. Pelos cálculos dos economistas da consultoria Austin Rating, o Brasil encerrará este ano com um PIB avaliado em US$ 2,331 trilhões. E para 2025 a previsão é de que esse PIB cresça para US$ 2,437 trilhões.

O presidente Lula, naturalmente, comemorou esses números e disse que o Brasil está no caminho certo, pois aumentou o consumo das famílias e melhorou a performance do setor de serviços. É verdade. Mas o próprio governo, por meio de nota distribuída pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, foi cauteloso em relação ao restante deste ano, por causa da tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

A nota diz que, apesar dos bons resultados do primeiro trimestre deste ano, a tendência é de que a catástrofe gaúcha trará consequências negativas para o PIB já a partir deste segundo trimestre. A nota da Secretaria de Política Econômica acrescenta o seguinte: 

“A agropecuária e a indústria de transformação devem ser atividades especialmente afetadas, uma vez que são proporcionalmente mais importantes no PIB do estado que no PIB nacional. Atividades como transportes e outras atividades de serviços também devem ser impactadas pela calamidade, repercutindo a piora da mobilidade e as restrições no provimento de serviços pessoais, de alimentação e de alojamentos”. 

Os economistas do Banco Santander, citados pelo site Infomoney, especializado em economia, dizem o seguinte: “Olhando para o futuro, esperamos uma desaceleração no segundo trimestre, devido aos efeitos decrescentes do pagamento de precatórios e aos impactos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul”. 

Resumindo, ainda não se sabe o tamanho do prejuízo causado pelas inundações no Rio Grande, mas já se tem a certeza de que esse prejuízo será bem maior do que o previsto há um mês. Esse prejuízo deverá causar uma queda de 0,2% a 0,3% no PIB do segundo trimestre, ou seja, no período abril, maio e junho.

Falamos muito sobre o PIB, mas esquecemos do dólar. Ontem, a moeda norte-americana disparou para cima, fechando o dia cotado a R$ 5,28. Na sexta-feira da semana passada, o dólar valia R$ 5,15. A moeda brasileira desvalorizou-se bastante em poucos dias.

Entre as ações negociadas na Bolsa de Valores, uma das que mais subiram ontem foram as da Embraer, que ganharam 2,59%, como resultado da boa repercussão que teve a notícia de que ela vendeu 20 aviões de passageiros para a Mexicana Aviación.

As ações dos grandes bancos também subiram: Banco do Brasil com alta de 0,29%; Bradesco com 0,91%; Itaú Unibanco com 0,35%. 

As ações da Vale caíram 1,02% por causa da baixa do preço do minério de ferro no mercado asiáticos.

E os papeis da Petrobras caíram 1,11% como consequência da queda do preço do petróleo, que ontem foi negociado a US$ 78 por barril na Bolsa de Londres.