Na agricultura, o Brasil ganha de goleada da França

Produtividade do agro brasileiro é maior do que a do agro francês, e é por isto que Emmanuel Macron é contra o Acordo Mercosul-União Europeia

Se você é agricultor, tente dormir sabendo que a União Europeia (EU) jogou no lixo na semana passada a obrigatoriedade que tinham os agricultores do Velho Continente de preservarem pelo menos 4% de suas terras em “pousio” (prática periódica de repousar o solo das atividades agrícolas como forma de devolver a vitalidade da terra e evitar a queda da produtividade). 

A ex-ministra da Agricultura do Brasil e hoje senadora pelo Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina, logo ergueu sua voz para dizer que “essa é a mesma UE que não reconhece o Código Florestal brasileiro, que exige preservação de 20% a 80% (contra 4% lá) das propriedades rurais”.

Ela recarrega sua metralhadora verbal e dispara nova saraivada de críticas opiniões: 

“É a mesma UE que quer impor às nossas exportações regras próprias antidesmatamento. Barreiras comerciais travestidas de exigências ambientais – sabemos todos.”

Tereza Cristina aproveitou para alfinetar o presidente da França, Emmanuel Macron, que veio ao Brasil na semana passada, reuniu-se em Belém (PA) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, na maior simplicidade, condenou o acordo Mercosul-UE, considerando-o ruim para o Brasil e para a França. 

A senadora sul-mato-grossense escreveu o seguinte nas redes sociais:

“O que vimos foi a empáfia do eurocentrismo! Macron recusou-se a discutir o Acordo Mercosul-UE com o governo brasileiro, mas jogou na cara do PIB nacional (os grandes empresários reunidos na Fiesp), do ministro da Fazenda e do vice-presidente (Alckmin) que o tão esperado acordo ‘é péssimo, antiquado, e deve recomeçar do zero’. Sua diplomacia é que merece nota zero. Tudo falácia, lorota protecionista. Macron usou a afronta ao Brasil para ganhar pontos com seu público interno.”

Ela prosseguiu disparando: 

“O Acordo Mercosul-UE foi periodicamente revisado e atualizado em 2019, quando foi finalmente assinado em Bruxelas. Eu estava lá e vi que todas as cláusulas passaram pelo crivo setorial dos comissários europeus. E questões pontuais já estão hoje na mesa. Por fim, por que a França pensa que o Brasil e o Mercosul vão querer passar mais 10 anos rediscutindo tudo? O mundo é vasto, os portos são muitos e outros acordos bilaterais ou multilaterais estão abertos para nós, inclusive na Europa.”

Macron foi alvo, recentemente, de gigantescos protestos dos agricultores franceses, que fecharam estradas com seus tratores, impedindo o tráfego de caminhões e o transporte de mercadorias pelo país. A causa é uma só: a agricultura brasileira, que usa a mais moderna tecnologia do mundo, produz em apenas 10% da área do país e exporta para mais de 100 países, tem produtividade maior do que a francesa e por isto mantém posição de liderança e de protagonismo globais.

Líderes do agro cearense concordaram com o que disse Tereza Cristina, mas viram na posição de Macron “a luta em defesa dos interesses nacionais franceses, e isto é o que deve fazer o líder de uma Nação”, como disse Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec).

15 DE JUNHO: DIA NACIONAL DA AGRICULTURA IRRIGADA

Foi instituído pela Lei 14830, sancionada pelo presidente Lula no último dia 27, o Dia Nacional da Agricultura, como diz o artigo primeiro. A data será celebrada, anualmente, no dia 15 de junho, anuncia o artigo segundo, que tem um parágrafo único, que sugere: 

“As comemorações relativas ao Dia Nacional da Agricultura Irrigada poderão ocorrer, especialmente, por meio de exposições, de seminários, de palestras e de outros eventos ou ações que contribuam para a divulgação e para a valorização da agricultura irrigada.”

Luís Roberto Barcelos, sócio e diretor Institucional da Agrícola Famosa e presidente da Rede Nacional de Irrigantes, já se mobiliza para fazer do próximo 15 de junho um dia de festa para todo o universo brasileiro da irrigação.