Há cinco mil anos judeus e palestinos guerreiam – quem duvidar, leia a Bíblia, que desde o capítulo 15 do seu primeiro livro – o do Gênesis – trata da questão. Estado oficialmente reconhecido pela ONU em 1947, Israel transformou-se numa potência bélica – tem bomba atômica – que está sempre pronta a rechaçar ataques do inimigo e, também, num centro de alta tecnologia exportador de produtos e serviços.
Mas o Hamas – grupo terrorista que tem base na Faixa de Gaza, um enclave cuja área é menor do que a de Fortaleza – na qual vivem 2 milhões de pessoas, a maioria de religião muçulmana – recusa-se a reconhecer o estado israelense, que é o inimigo a ser derrotado com o extermínio do povo judeu.
Pois nesse mesmo Israel – que desde sábado, 7, está em guerra declarada contra o Hamas – esteve há pouco mais de duas semanas uma Missão Empresarial do Ceará.
Foram 24 pessoas da política, do empresariado, do governo e da academia cearenses, as quais, coordenadas pelo consultor Carlos Matos, ex-secretário de Agricultura Irrigada no primeiro governo de Tasso Jereissati, cumpriram uma extensa agenda de reuniões com organismos públicos e privados de Israel, em busca de inovação tecnológica.
A pedido desta coluna, Carlos Matos escreveu o texto abaixo:
“A Missão Empresarial do Ceará a Israel cumpriu o objetivo! Fomos e voltamos em tempo de paz, graças a Deus! Vimos lá todo o ecossistema de inovação israelense. Vimos gestão avançada com a teoria das restrições – TOC – e, também, as tendências de futuro no que diz respeito à logística, à Inteligência Artificial, à cibersegurança e à gestão de recursos hídricos, um ponto que gerou grande desdobramento.
“O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, percebeu que os desafios que foram superados em Israel são, também, os mesmos desafios que o Ceará enfrenta e tenta superar hoje.
“Sobre a gestão hídrica, chamaram a atenção dois pontos: a perda de água em Israel é de 10%, no Ceará essa perda está ao redor de 45%. Com cerca de 1,2 bilhão de m³ de água doce, Israel irriga 300 mil hectares; com a mesma quantidade de água, o Ceará irriga apenas 80 mil hectares, ou seja, Israel irriga quase quatro vezes mais do que o Ceará.
“É preciso redefinir uma nova prioridade para a gestão da água no estado do Ceará com novas políticas públicas e com objetivos claros com relação à perda e a eficiência. Nós podemos estar perdendo pelo menos 100 mil empregos no campo que poderiam ser gerados se a água fosse bem administrada.
“Um segundo desdobramento foi o convencimento do SOSA – o Centro de Inovação Israelense, que, no Brasil, tem uma cooperação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“O CEO da empresa, Uzi Scheffer, veio a Fortaleza no último dia 2 deste mês de outubro e se reuniu com o presidente da Faec e com o presidente da Federação das Indústrias (Fiec), Ricardo Cavalcante. Reuniu-se, ainda, com os setores da indústria, do comércio e do agronegócio na perspectiva de colocar um centro de inovação no Ceará. Ele teve, também, reunião com o setor público, com prefeituras e com o governo do estado, na perspectiva de uma cooperação para intensificar a inovação e aumentar a produtividade da economia como um todo.
“A vice-reitora da Universidade Federal do Ceará, Diana Azevedo, participou da missão e anunciou uma cooperação com a Universidade de Ben-Gurion para realizar uma conferência de desenvolvimento na UFC em julho de 2024, intensificando também a relação com o intercâmbio de jovens cearenses para Israel e jovens israelenses para o Ceará.
“Um outro ponto importante é que o IFCE vai implantar as tecnologias de ponta da agricultura no Projeto Jaguaribe Apodi numa cooperação com a Fapija, Federação das Associações dos Produtores do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi.
“Nós tivemos um encontro com Yossi Shelley, o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Yossi Shelley, que anunciou o desejo de cooperar mais ainda, pois ele já foi embaixador de Israel no Brasil. Na ocasião, nós pudemos abordar e ele aceitou a tese de que o Ceará pode ser, para Israel, uma porta de entrada para a América Latina.
“Nós temos ZPE, porto, infraestrutura, logística, energia a baixo custo, então podemos produzir produtos com baixo carbono. Israel tem muita tecnologia e nós temos muito mercado. Somadas as duas coisas, o Ceará pode construir um parque industrial com tecnologia israelense, fortalecendo a economia verde e a economia de baixo carbono.”