Ontem, foi publicado o balanço financeiro da Petrobras relativo ao exercício de 2022. Esse balanço veio com números espetaculares.
Por exemplo: o lucro da empresa, no ano passado, alcançou a inacreditável cifra de R$ 188,3 bilhões, ou seja, 76,6% maior do que o lucro de 2021.
Os preços internacionais do petróleo, que subiram bastante ao longo de 202, ajudaram a construção desse lucro, que foi o maior até hoje registrado no Brasil por uma empresa de capital aberto.
Só no quarto trimestre do ano passado – outubro, novembro e dezembro – o lucro da maior estatal brasileira bateu a casa dos R$ 43,3 bilhões, uma redução de 6% em relação ao trimestre anterior – julho, agosto e setembro.
No comunicado que mandou ao mercado, a Petrobras informou que distribuirá R$ 35,8 bilhões em dividendos aos seus acionistas, o maior dos quais é o Governo da União, seu controlador. Acontece que o governo do presidente Lula e a nova diretoria da empresa querem reduzir o tamanho desses dividendos.
A ideia é destinar R$ 6,5 bilhões de reais para um chamado Fundo Estatutário, mas isto será decidido por uma Assembleia Geral dos acionistas. Essa parcela dos dividendos seria destinada a investimentos da empresa e a projetos sociais, a fim de que se cumpra o papel social constitucional da Petrobras.
Outro número a ser destacado do balanço de 2022 da Petrobras é o relativo à sua dívida. Em 2018, o montante dessa dívida beirava os R$ 500 bilhões. No fim do ano passado, a dívida da empresa foi reduzida a R$ 41,6 bilhões, ou seja, uma redução de 12,8% em relação a 2021.
O diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, que será substituído, disse no relatório que acompanha o balanço, que o resultado financeiro da empresa no ano passado “é fruto de uma trajetória de superação de enormes desafios, gestão eficiente, escolhas estratégicas consistentes e que se mostraram acertadas”.
O balanço da Petrobras só foi divulgado depois do encerramento do pregão da Bolsa de Valores B3, que fechou em nova queda de 0,52% aos 104.384 pontos. O dólar recuou 0,65%, fechando o dia cotado a R$ 5,19.
O destaque negativo do pregão de ontem da B3 foram as ações do grupo cearense de saúde Hapvida, que caíram 32,74%. Isto significou uma perda do valor de mercado da empresa, que desabou de R$ 32 bilhões para R$ 21,5 bilhões. Os papeis do Hapvida chegaram a ser negociados a R$ 2,84, mas fecharam cotados a R$ 3,02.
Essa queda extrema das ações do Grupo Hapvida, segundo os operadores e analistas do mercado, se deu por causa do balanço da empresa relativo ao quarto trimestre do ano passado, que veio com um lucro líquido de apenas R$ 161 milhões. Os mesmos analistas consideram que a empresa terá dificuldades no curto e no médio prazos.
As empresas produtoras e exportadores de petróleo também sofreram grandes perdas no dia de ontem na Bolsa de Valores B3. Por exemplo: as ações da 3R Petroleum desabaram 10,46%. Foram duas as causas: a primeira foi a Medida Provisória por meio da qual o governo passa a cobrar Imposto de Exportação pelas vendas externas do petróleo produzido no Brasil, o que também atinge a Petrobras. A segunda causa foi a decisão do Ministério de Minas e Emergia, que pediu à Petrobras que suspenda a venda de alguns dos seus ativos.
A notícia causou impacto porque interrompe negociações avançadas e até concluídas de venda pela Petrobras de alguns poços de produção. Pelo menos duas dessas negociações já haviam sido encerradas. Criou-se uma incerteza na área do petróleo e gás, e essa incerteza repercutiu negativamente no pregão da Bolsa.