Labomar e kitesurfistas tornam-se parceiros para pesquisa no mar

A parceria é resultado da última Kite Parede, realizada no domingo passado no Cumbuco, quando foi quebrado o recorde mundial de kitesurfistas praticando o esporte num só lugar

Em mensagem transmitida a esta coluna, informa o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC):

O recorde mundial de kitesurfers nas águas da praia do Cumbuco, no litoral metropolitano de Fortaleza, foi batido no último fim de semana, quando 884 praticantes desse esporte voaram juntossobre as águas mornas do mar cearense.

E com esse recorde também veio a novidade da temporada – a parceria, inédita no Brasil, dos praticantes do kitesurf com as Universidades Federal e Estadual do Ceará (Uece).

A parceria pioneira une ciência e esportes aquáticos no Estado. 

Durante a Kite Parade, realizada no domingo passado, 25, o Labomar e o Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (LAIS) apresentaram o Kite4Science, iniciativa que permite a instalação de um dispositivo simples nas pranchas de kite para a coleta de amostras da água e posterior identificação em laboratório, por meio de DNA ambiental, do número de vertebrados e espécies encontrados no mar. 

O dispositivo (um cilindro azul na borda da prancha) não oferece qualquer resistência durante o velejo e nem atrapalha os movimentos dos kitesurfistas em água. 

E a grande vantagem para a ciência é que os pesquisadores ganham poderosos aliados na conservação e saúde dos oceanos, uma vez que aumenta o esforço amostral a partir de um velejo simples ou nos mais demorados e extensos, como os chamados downwinds.

O dispositivo contém filtros que podem revelar ainda contaminantes como metais pesados (chumbo, mercúrio), pesticidas, hormônios, microplásticos e outros.
 
Cinco kitesurfistas candidataram-se como voluntários, e os pesquisadores devem divulgar ainda neste ano o resultado dessas coletas. 

A parceria conta também com a participação do Instituto Winds for Future, do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e do Instituto Desenvolvimento, Estratégia e Conhecimento (Idesco). 

Os professores Tommaso Giarrizzo (Labomar) e Sales Ávila (Lais-Uece) destacam que o dispositivo pode ser usado em qualquer lugar do mundo onde exista a prática de kitesurf, o que deverá gerar um movimento global e voluntário de monitoramento oceânico. 

“A ciência precisa do cidadão, assim como o cidadão precisa da ciência”, afirmam os professores Giarizzo e Ávila.