Hoje é dia de Copom. Mercado aposta na manutenção da Selic

Comunicado após a reunião poderá trazer sinais do que pensa a autoridade monetária sobre o desejo do presidente Lula de ampliar a meta de inflação. No mês de janeiro a bolsa subiu e o dólar desceu.

Janeiro passou, deixando um bom saldo para a Bolsa de Valores brasileira, a B3, que subiu 3,37% ao longo do primeiro mês deste ano de 2023.

Ontem, a B3 fechou com alta de 1,03%, aos 113.430 pontos, seguindo as bolsas dos Estados Unidos, que também tiveram ganhos no dia de ontem, refletindo o entusiasmo com o reaquecimento da economia da China e, também, com os sinais de queda da inflação norte-americana. 

Hoje, o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, anunciará as novas taxas de juros da economia do país, estimando-se que elas subam 0,25%. A decisão sairá à tarde e deverá provocar positiva reação no mercado.

O dólar, aqui no Brasil, caiu ontem 0,75%, encerrando a terça-feira cotado a R$ 5,07. No mês de janeiro, a cotação da moeda dos Estados Unidos recuou 3,8%. 

O desempenho da Bolsa brasileira e o valor do dólar poderiam ter sido melhores em janeiro, mas as questões da política interna causaram ruídos no mercado.

O próprio presidente Lula fez críticas à independência do Banco Central, à meta de inflação, ao teto de gastos e à política de preços da Petrobras, e tudo isso repercutiu nos pregões da Bolsa de Valores.

Pesou também no desempenho da B3, em janeiro, o escândalo da Americanas, em cuja contabilidade foram descobertas algumas inconsistência do tamanho de R$ 20 bilhões que logo saltaram para um rombo de R$ 40 bilhões.

Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central,  que está reunido desde ontem, deverá decidir pela manutenção da atual taxa de juros Selic em 13,75%, pelo menos é que estão a dizer 10 de cada 10 economistas.

Mas os mesmos economistas estarão de olho no comunicado que o Copom divulgará logo após a reunião, pois ele trará sinais do que a autoridade monetária poderá fazer diante das antigas e das próximas opiniões do presidente da República.

Vai ficar vaga a diretoria de Política Monetária do Banco Central, da qual está saindo o economista Bruno Serra, cujo sucessor será indicado pelo ministro da Fazenda Haddad, com o aval, claro, do presidente Lula. 

Há o temor de que o indicado traga consigo a mesma vontade do governo de mudar para cima a meta de inflação e de acabar com a independência do Banco Central, o que terá péssima repercussão no mercado.

Hoje, quarta-feira, é o primeiro dia do curto mês de fevereiro, que, por tradição, registra redução da atividade econômica causada pelo carnaval. O volume de negócios na Bolsa de Valores, que já tem sido pequeno nos últimos dias, cairá ainda mais nos 28 dias de fevereiro.
 
E ontem à noite, em comunicado ao mercado, a Americanas anunciou que pediu à Justiça autorização para tomar um empréstimo de R$ 1 bilhão para melhorar seu fluxo de caixa. Trata-se de um empréstimo especial autorizado apenas para empresas em Recuperação Judicial, como é o caso da Americanas.

Seus três principais acionistas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – poderão, eles mesmos, assumir a responsabilidade por esse empréstimo que reforçará o caixa da Americanas pelas próximas semanas, tempo em que a empresa apresentará aos credores o seu plano de Recuperação Judicial.

E hoje a política intromete-se na economia. Senadores e deputados federais tomam posse e elegem os presidentes das duas casas do Congresso Nacional. 

Artur Lira será reeleito presidente da Câmara dos Deputados. Mas Rodrigo Pacheco, que tenta a reeleição para a presidência do Senado Federal com o apoio do presidente Lula, enfrenta a candidatura de Rogério Marinho, que foi ministro do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro. 

Pacheco é franco favorito, mas a candidatura de Marinho ganhou força com a adesão do PSDB e com o apoio declarado do ex-juiz, ex-ministro e agora senador Sérgio Moro.